|
Próximo Texto | Índice
O NOVO RITMO CAMBIAL
Felizmente o governo parece cada
vez mais distante não apenas de soluções como a dolarização, mas de
uma inaceitável flutuação totalmente
livre da taxa de câmbio.
Destaca-se a opção pela queda gradual do dólar. Busca-se tanto reverter
a desvalorização excessiva quanto
evitar a valorização abrupta do real.
Como a credibilidade do país entre
os investidores internacionais continua abalada, uma injeção imediata
de volumes expressivos de dólares,
derrubando a sua cotação, poderia
reintroduzir o artificialismo, que seria tão insustentável quanto a política
anterior de âncora cambial.
Mas, ao mesmo tempo o BC finalmente abandonou a absurda atitude
de deixar de intervir no mercado, como se toda e qualquer venda de dólares viesse a ser interpretada como
perda insustentável de reservas.
Nem liberação total nem reversão
artificial, o novo regime cambial parece primar pelo gradualismo.
É um regime oportuno também
porque torna mais rentáveis as operações de exportadores e investidores externos. Adiar exportações significa receber menos, em reais, por
elas. Nos investimentos, significaria
converter dólares por menos reais.
Em suma, nos próximos três meses, fase crucial, o governo tenta garantir o máximo de rentabilidade a
exportadores e investidores externos, o que favorece a recuperação
das reservas internacionais.
Claro que também há riscos nesse
gradualismo. Quanto mais lenta a recuperação do real, maiores as pressões inflacionárias e por reindexação. Quanto mais lenta a redução dos
juros, maiores a recessão e as despesas financeiras do governo.
Se o gradualismo de fato funcionar,
a partir do terceiro trimestre o governo poderia intervir com mais desenvoltura no mercado, derrubando
mais o dólar e as taxas de juros.
Supondo-se que não haja novos
choques no cenário internacional, a
superação da tormenta depende fortemente de uma delicada sintonia fina por parte do Banco Central.
Próximo Texto: Editorial: MENOS CESARIANAS Índice
|