São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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Editoriais

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Lei Seca

UM MOTORISTA , que disse ter bebido "um pouco", invadiu na madrugada de segunda-feira a pista contrária da rodovia Raposo Tavares. Dirigiu na contramão por mais de 20 quilômetros, até bater de frente com outro veículo, que pegou fogo. Um casal morreu carbonizado. No mesmo dia, outro cidadão embriagado atropelou um bebê em um parque de Carapicuíba.
Os dois acidentes, que aconteceram na Grande São Paulo, são exemplos de um problema que continua a apresentar contornos dramáticos na capital do Estado.
Quando se compara o último trimestre de 2008 e o mesmo período em 2009, os casos de lesão corporal ou homicídio culposo no trânsito aumentaram 4,5% em São Paulo. Isso apesar da entrada em vigor, em 2008, da chamada Lei Seca -que tornou bem mais rigorosa a restrição ao consumo de álcool por motoristas.
Já na cidade do Rio de Janeiro, o número de feridos, mutilados ou mortos em acidentes de trânsito caiu 26% nos últimos 12 meses. Os dados não são diretamente comparáveis, mas é razoável relacioná-los aos trabalhos de prevenção realizado pelas polícias dos dois Estados.
Desde março de 2009, a Operação Lei Seca do governo fluminense submeteu 171 mil motoristas ao teste do bafômetro. A polícia paulista precisou de três anos para fiscalizar número semelhante de pessoas (173 mil).
O que não muda, para as duas cidades, é o exagerado rigor da lei que estabeleceu como critério de embriaguez o teto de 6 decigramas de álcool por litro de sangue -algo como dois copos de chope.
O combate mais eficiente aos acidentes no Rio indica que não é o simples endurecimento da legislação, mas a certeza de fiscalização e punição, que ajuda a coibir o comportamento de risco.
Menos mau que o governo de São Paulo tenha se dado conta disso, e venha intensificando a realização de operações de fiscalização nos últimos meses.


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