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ELIANE CANTANHÊDE
Limpando a barra (e as taxas)
ESTOCOLMO - Ok, o Brasil está
na moda, mas isso tem custo: implica ficar sob holofotes. Os defeitos já
conhecidos ficam mais evidentes, e
os novos saltam aos olhos.
O principal deles, sob o olhar dos
governos e companhias internacionais, é o "custo Brasil", agora exposto à execração pública por um relatório do Banco Mundial intitulado
"Paying Taxes 2010" -uma foto
global sobre o pagamento de taxas
mundo afora neste ano.
Está rolando de mão em mão entre as 30 empresas suecas que mandarão representantes a Brasília e a
São Paulo no dia 23 e estará na mesa de discussões de associações empresariais europeias com o governo
Lula e suas correspondentes brasileiras, em abril, no Brasil.
O Banco Mundial pesquisou 183
países, e o Brasil ficou em último lugar -último lugar! É o que mais cobra taxas trabalhistas e em geral.
Ou seja, é o que mais onera as empresas que produzem e investem.
O estudo usou uma complexa
metodologia para concluir que as
empresas pagam o correspondente
a 2.600 horas por ano em taxas variadas no Brasil. O segundo pior
país do ranking é o pequeno e pobre
Camarões -1.400 horas/ano.
E isso não inclui, pelo menos explicitamente, a percentagem extra
para acomodar contabilidades públicas heterodoxas. Ou, para não levar um puxão de orelha da Madame
Natasha, do Elio Gaspari: sem contar a "cota corrupção".
Para os suecos, um dos fatores
que atravancam o progresso e a entrada ou ampliação de investimentos estrangeiros é o excesso de burocracia e a longa cadeia (no bom
sentido) de agentes públicos envolvidos no processo: do ministério tal
e qual, da secretaria essa e aquela,
do governo estadual, da prefeitura...
O Brasil precisa, enfim, adaptar
sua legislação, suas regras e seus
procedimentos ao mundo global do
qual faz parte. Não é para melhorar
a vida dos gringos, mas, sim, sofisticar os investimentos e a imagem internacional do próprio Brasil.
elianec@uol.com.br
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