São Paulo, segunda-feira, 11 de abril de 2005

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EXTORSÃO NAS RUAS

Na semana passada, a Polícia Civil de São Paulo lançou uma operação em que deteve 95 "guardadores" de carros que atuavam na região do estádio do Pacaembu. Autoridades policiais afirmam que continuarão a realizar intervenções dessa natureza e que elas não se limitarão a eventos esportivos, atingindo também casas noturnas.
É uma iniciativa bem-vinda. Ninguém ignora os graves problemas sociais brasileiros, que podem levar muitos cidadãos a exercer tarefas informais para garantir sua sobrevivência e a de seus familiares. Atividades como pedir esmolas e vender garrafas de água mineral em congestionamentos de verão já há muito se tornaram parte da paisagem urbana dos grandes centros do país.
Isso não significa, no entanto, que tudo possa ser tolerado. Embora possa haver guardadores de carros "legítimos", isto é, que mediante remuneração voluntária do motorista se dispõem a vigiar o veículo, boa parte deles não se enquadra nessa categoria, principalmente os que atuam em grandes eventos públicos.
Com efeito, nessas ocasiões o motorista não só se depara com as vagas para estacionamento "reservadas" como ainda encontra os preços "tabelados". Pior, não tem a escolha de não pagar pelo "serviço", hipótese em que poderia ter seu veículo avariado ou até ser agredido.
Na verdade, o que esses "guardadores" praticam uma é misto de grilagem de vias públicas com extorsão, tudo isso temperado por formação de quadrilha. Não surpreende que, dos 95 detidos na operação policial, 51 tivessem antecedentes criminais.
A ação da polícia para cercear a atuação desses "profissionais" é realmente necessária. Não é aceitável que o cidadão, já obrigado a pagar impostos para circular com seu automóvel, ainda se veja extorquido para estacionar em espaços públicos.

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