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ELIANE CANTANHÊDE
O partido das massas cheirosas
BRASÍLIA - "Estarei a seu lado,
governador José Serra, onde quer
que eu seja convocado", discursou
Aécio, saudado aos gritos de "vice,
vice, vice" no lançamento de Serra à
Presidência ontem.
PSDB, DEM e PPS deliraram,
mas a alegria durou pouco, até Aécio, curiosamente, explicar que disse uma coisa querendo dizer outra.
Primeira leitura: se convocado, ele
aceitaria ser vice. Explicação posterior do próprio: se convocado, vai
desfilar pelo país com Serra. Típica
tucanice, que reacende a suspeita
de que Aécio vá lavar as mãos mais
uma vez para o candidato tucano.
Afora isso, a festa de Serra foi surpreendente. Quem está acostumado a comparar a energia petista e a
chocha elegância tucana nesse tipo
de encontro ficou impressionado
com a inversão. O lançamento de
Dilma Rousseff foi um show protocolar; o de Serra foi uma bagunça,
com pessoas aos berros por espaço,
suadas, espremidas e animadas.
Pode nem ser, mas o PSDB evidentemente se esforçou para parecer um partido de massas. Para não
deixar dúvidas, porém, um velho
assessor ironizou: "Mas de massas
cheirosas..." De fato, até os ônibus
que carregaram a militância eram
novinhos em folha.
Outro dado: se nos bastidores a
cúpula tucana chegou a discutir se
FHC deveria ou não discursar, o
que equivale a questionar se devem
ou não escondê-lo, na convenção
ocorreu o contrário: ele foi um dos
mais ovacionados.
Serra, contido, fez comparações
com Lula e com o PT. Usou verbos
no plural para elencar os avanços
brasileiros, que não são de hoje,
mas dos últimos 25 anos, condenou
"bravatas" e defendeu que governos
devem "unir nações", "não estimular disputas de pobres contra ricos"
nem "jogar governo contra oposição". Devem "servir ao povo, não a
partidos e a corporações".
Ao dizer que os êxitos "não são de
um só homem [Lula] ou de um só
governo", lançou a marca de sua
campanha: "O Brasil pode mais".
elianec@uol.com.br
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