São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

O partido das massas cheirosas

BRASÍLIA - "Estarei a seu lado, governador José Serra, onde quer que eu seja convocado", discursou Aécio, saudado aos gritos de "vice, vice, vice" no lançamento de Serra à Presidência ontem.
PSDB, DEM e PPS deliraram, mas a alegria durou pouco, até Aécio, curiosamente, explicar que disse uma coisa querendo dizer outra. Primeira leitura: se convocado, ele aceitaria ser vice. Explicação posterior do próprio: se convocado, vai desfilar pelo país com Serra. Típica tucanice, que reacende a suspeita de que Aécio vá lavar as mãos mais uma vez para o candidato tucano.
Afora isso, a festa de Serra foi surpreendente. Quem está acostumado a comparar a energia petista e a chocha elegância tucana nesse tipo de encontro ficou impressionado com a inversão. O lançamento de Dilma Rousseff foi um show protocolar; o de Serra foi uma bagunça, com pessoas aos berros por espaço, suadas, espremidas e animadas.
Pode nem ser, mas o PSDB evidentemente se esforçou para parecer um partido de massas. Para não deixar dúvidas, porém, um velho assessor ironizou: "Mas de massas cheirosas..." De fato, até os ônibus que carregaram a militância eram novinhos em folha.
Outro dado: se nos bastidores a cúpula tucana chegou a discutir se FHC deveria ou não discursar, o que equivale a questionar se devem ou não escondê-lo, na convenção ocorreu o contrário: ele foi um dos mais ovacionados.
Serra, contido, fez comparações com Lula e com o PT. Usou verbos no plural para elencar os avanços brasileiros, que não são de hoje, mas dos últimos 25 anos, condenou "bravatas" e defendeu que governos devem "unir nações", "não estimular disputas de pobres contra ricos" nem "jogar governo contra oposição". Devem "servir ao povo, não a partidos e a corporações".
Ao dizer que os êxitos "não são de um só homem [Lula] ou de um só governo", lançou a marca de sua campanha: "O Brasil pode mais".

elianec@uol.com.br


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