São Paulo, Domingo, 11 de Abril de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Indústria da guerra

"Para entender melhor as guerras "globalizadas" como a de Kosovo, é mister compará-las com a também "globalizada" (mercantilizada seria o melhor termo) Copa de futebol.
A Nike e outros patrocinadores fabricam "craques" para jogar nas seleções, exigem as suas presenças no campo e depois da Copa lucram com as transações milionárias dos jogadores que ficaram mais em evidência. A Copa, hoje, não é nada mais nada menos do que uma feira milionária das empresas patrocinadoras dos times de futebol.
Da mesma maneira, os grandes fabricantes de armas de extermínio em massa promovem guerras de grande audiência mundial e exigem nelas a participação de seus últimos e badalados produtos mortíferos."
Francisco Santana (Salvador, BA)

Novo Holocausto

"Será que daqui a alguns anos o mundo tomará conhecimento de algum rico industrial sérvio que tenha salvo a vida de milhares de kosovares albaneses recrutando-os para alguma de suas fábricas? Pode ser que daqui a 50 anos seja rodado um filme contando a sua história de generosidade diante dessa barbárie absurda. A história muitas vezes se repete. Será que estamos diante de um novo Holocausto?"
Hamilton J. Ansanello (Rio Claro, SP)

Previdência

"De fato, presidente: assim como a obsessão dos brasileiros por parar de trabalhar "faz é criar problemas para a Previdência", talvez a nossa obsessão por adoecer seja responsável pelos problemas em nosso sistema de saúde, assim como nossa obsessão de educar nossas crianças e adolescentes possivelmente seja a culpada pelo estado deplorável da educação básica no país.
Mas talvez, presidente, apenas duas outras obsessões sejam de fato prejudiciais ao país: a sua obsessão pessoal pela reeleição (leia-se: pelo poder), cujo preço pagaremos por muitos anos ainda, e a obsessão em socorrer bancos obscuramente."
Eduardo Brandão (São Paulo, SP)

"Já que estamos fazendo várias privatizações em nosso país, por que não privatizar a Previdência? Será que estaremos esbarrando em algo intocável? A meu ver, estaríamos economizando uma barbaridade, pois os vultosos salários estariam enquadrando-se na verdadeira realidade brasileira. Chega de apadrinhamentos, chega de nepotismo, chega de desigualdades, está na hora de haver um equilíbrio de renda."
Dirna Bautista (São Paulo, SP)

FHC e o Tibete

"Contrariando a posição da chancelaria, Fernando Henrique encontrou-se com o Dalai Lama, líder espiritual e pacifista do povo tibetano, sabidamente oprimido pela China.
Um belo gesto, sem dúvida, mas Clóvis Rossi, Carlos Heitor Cony e outros que escrevem nesse jornal, com o azedume e a acidez habituais, certamente identificarão na conduta alguma motivação escusa, alguma simbologia sórdida, uma maldade qualquer que esteja em consonância com o processo de demonização do presidente."
Marcos Araújo (São Paulo, SP)

Concursos

"Entendemos que a forma mais justa e democrática de prover cargos no serviço público é por concurso público sério, promovido por entidade idônea, isenta e que tenha competência comprovada há muitos anos. Como temos visto, a maioria das falcatruas envolve pessoas não-concursadas ou profissionais sem carreira no serviço público, que entraram pela porta dos fundos.
Não está passando da hora de corrigir esses desvios?"
Luiz Antonio da Silva, presidente da Associação dos Engenheiros do DER/SP (São Paulo, SP)

Os verdadeiros pit bulls

"A agressividade dos cachorros é de exclusiva responsabilidade de seus donos. Castremos, o quanto antes, os pit bulls que, ao arrepio da moral e da legalidade, agridem a nossa cidadania.
Transvestidos de humanos, vendem o país, desestabilizam a democracia e levam o povo ao limite da pobreza e da tolerância."
Humberto de Barros Pereira Filho (São Paulo, SP)

Excluídos da modernidade

"Há poucos anos tive a desagradável surpresa de ver meu carro, na época um Chevette 76, ilustrando uma matéria de telejornal sobre as "sucatas ambulantes" que infestam nossas ruas.
A tal sucata era minha ferramenta de trabalho -eu era vendedor- e, apesar do aspecto, possuía todos os equipamentos de segurança, além de pneus em bom estado e freios recém-revisados. Recentemente um telejornal noticiou que a Cidade do México proibira a circulação de automóveis com mais de cinco anos de uso, e o apresentador comentou que tal medida poderia vir a ser adotada no Brasil (e parecia torcer por isso).
Eu desejaria muito possuir um carro zero e um computador para me conectar à Internet e declarar meu IR "on line". Mas eu sou um "loser", como dizem os sapientíssimos bombardeadores ianques, e continuarei a enfear a cidade com meu carro velho e a atrapalhar a vida dos funcionários da Receita com minha declaração no papel."
Jorge Luiz Oliveira Tostes (Bauru, SP)

Juros dos bancos

"Parabéns ao governo pela edição da medida provisória contra a usura e agiotagem.
É estranho que bancos tenham cobrado de seus clientes em 56 meses de Plano Real 34.000% contra 80% de inflação em idêntico período. Isso também não é um estelionato geométrico-financeiro? Por conta dessa usura, os bancos estão violentando famílias e empresas, arrastando para leilões casas, terrenos, veículos, maquinário etc.
Afinal, todos não são iguais perante a lei? Por que não enquadrar o sistema financeiro nessa medida provisória?"
Amércio Ferreira (Maringá, PR)

Preço do combustível

"Há algum tempo o governo FHC liberou os preços dos combustíveis sob o argumento de que a concorrência de mercado promoveria uma baixa (como se existisse concorrência ou mercado numa economia monopolista).
O tempo demostrou o inverso: os preços quase dobraram. Agora o mais insólito: sindicatos de distribuidores e varejistas de combustíveis pedem que desconfiemos de preços baixos.
Pergunto: 1) por que associar fraude e sonegação a preços baixos? 2) Que garantia temos de que os distribuidores e postos que cobram altos preços não sonegam e adulteram combustíveis? 3) Como acreditar que a criação de uma novo imposto vá resolver o problema de adição de solventes e álcool à gasolina? Essa é a modernidade da "economia de mercado'; esses são os retratos do neoliberalismo..."
Antonio Luiz Caldas Júnior (Botucatu, SP)

Segredos policiais

"A polícia presta um relevante serviço aos marginais sempre que revela, por estrelismo ou burrice, os métodos utilizados para desvendar os autores de crimes. Assim, no sequestro da filha do empresário Luiz Estevão, em Brasília, os policiais esclareceram que chegaram aos sequestradores em razão de eles terem se alongado nas conversas telefônicas mantidas com a família.
Mais recentemente, com uma cobertura jornalística ainda maior, no sequestro de Wellington Camargo, a captura dos sequestradores foi atribuída pela polícia a um magnífico clipe que, atrelado a um maço de notas, teria emitido sinais da localização dos meliantes. Os futuros sequestradores agradecem. Prometem não repetir os mesmos erros de seus colegas."
Ednaldo de Carvalho Aguiar (Rondonópolis, MT)


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