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Resposta europeia
Pacote bilionário tenta conter ampliação da crise grega, que aumentou riscos de países com contas em desordem
NOS MOMENTOS mais
agudos das crises financeiras o tempo político em geral é mais
lento que o dos mercados.
Assim vinha sendo até a semana passada. Meses de negociação
foram necessários para que a
União Europeia pudesse finalmente anunciar, no fim do mês
passado, o empréstimo de 110
bilhões (cerca de R$ 250 bilhões) para a Grécia, suficiente
para cobrir as necessidades de financiamento do país por quase
três anos.
Mas rapidamente viu-se que o
esforço político havia sido em
vão. O pacote grego carecia do
principal: garantias de que funcionaria no longo prazo. Ao exigir cortes profundos de gastos
(da ordem de 11% do PIB em três
anos), o programa mostrava-se
pouco realista e muito recessivo.
A falta de credibilidade foi o fator que desencadeou o contágio
dos mercados globais na semana
passada, deixando claro para as
autoridades que o problema já
não era apenas grego. A crise se
havia metamorfoseado em choque financeiro regional na Europa -que, se não fosse contido,
comprometeria a ainda frágil recuperação mundial.
A perspectiva de uma nova crise sistêmica levou os governos
europeus -especialmente o alemão- a abandonar os escrúpulos da não intervenção. A memória fresca do colapso de 2008
acelerou o tempo político.
Às pressas, no fim de semana,
foi montado um pacote de socorro de 750 bilhões. Quase 500
bilhões serão usados para garantir o financiamento aos países
mais fracos, em troca de compromissos de ajuste fiscal. O
FMI entrará com até 250 bilhões para o mesmo objetivo.
Por fim, o Banco Central Europeu decidiu comprar diretamente os papéis que sofriam ataque
especulativo.
Com isso espera-se quebrar o
círculo vicioso e restaurar o funcionamento dos mercados. Ainda não se sabe se o efeito positivo será duradouro. Mas a lição
que fica é clara.
O choque que veio à tona com
força avassaladora foi consequência da péssima herança fiscal que a crise de 2008 deixou no
mundo desenvolvido.
Os custos de contenção da crise e da recessão que a seguiu significaram uma mudança abrupta na situação financeira de países antes considerados sólidos. E
esta mudança de regime ainda
poderá gerar abalos financeiros
imprevisíveis.
Os países que não estão no epicentro da crise, como o Brasil,
devem prestar atenção aos acontecimentos. O excesso de endividamento será um forte fator de
diferenciação entre países neste
mundo mais perigoso.
Qualquer novo golpe no crescimento global pode expor fragilidades onde hoje menos se espera -no Brasil inclusive. Portanto, a prudência na gestão das
contas públicas deve ser um objetivo ainda mais fundamental
nos próximos anos.
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