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FERNANDO RODRIGUES
A CPI em risco
BRASÍLIA - A imperícia dos líderes governistas no Congresso e a disputa
interna entre dirigentes petistas quase fizeram um bem ao Brasil: a CPI
do Banestado poderia ser instalada.
A investigação ajudaria a esclarecer a origem dos cerca de US$ 30 bilhões enviados para fora do Brasil na
segunda metade dos anos 90.
Ontem, no final do dia, começou a
formar-se uma daquelas ondas gigantes do Pacífico Sul contra a CPI
do Banestado. A tsunami criada pelo
Palácio do Planalto ameaça cair sobre as cabeças do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e
do líder petista na Casa, Nelson Pellegrino (BA) -os que mais trabalharam pela instalação da CPI.
O caso é curioso para entender o
modo de operação do governo de Lula. Dias atrás, os petistas assumiram
um custo político grande ao enterrar
uma CPI sobre o Banestado no Senado. Todos os 513 deputados federais
sabiam que a investigação não interessava ao Palácio do Planalto.
Por que João Paulo e Nelson Pellegrino, entre outros deputados federais, não operaram para seguir pela
mesma trilha dos senadores? Um
pouco por convicção pode ser a resposta. Mas muito por falta de conexão real entre os operadores de Lula
dentro do Congresso.
Casa mais nervosa do que o Senado, a Câmara requer políticos que assumam certos custos e riscos. Nem
João Paulo nem Nelson Pellegrino se
dispuseram a isso. É necessário registrar, entretanto, que também ninguém do Palácio do Planalto se apresentou aos dois para dizer, com sujeito, verbo e predicado: "O Lula não
quer a CPI do Banestado. Dê um jeito
de enterrar esse problema".
Há também muito ciúme e disputa
política regional no meio disso tudo.
O ego dos petistas rivaliza em tamanho com o do de alguns tucanos no
governo passado.
Ainda não é certo que a CPI será
enterrada. É difícil uma saída técnica
no atual estágio. Mas já está claro
que muitos governistas sairão chamuscados desse processo.
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