|
Próximo Texto | Índice
DEFLAÇÃO E OUSADIA
O IPCA (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo) caiu 0,15% em junho. Nos primeiros seis meses do ano, o indicador, que serve de parâmetro para as
metas de inflação do Banco Central,
acumulou alta de 6,6%. As expectativas de inflação para o próximo ano
convergiram para a meta de 5,5%.
Os custos desse ajuste são conhecidos: a elevada taxa de juros provocou
forte retração na atividade econômica. O cenário é de queda na produção
industrial, nas vendas do comércio,
na renda e no emprego. A valorização do real e as projeções de um aumento de 22% da safra agrícola também colaboraram para o declínio
dos preços. As previsões de que haveria "resistência" da inflação e riscos
de reindexação de salários mostraram-se equivocadas.
Esse cenário sugere que o Comitê
de Política Monetária (Copom) do
Banco Central deva ser mais audacioso em sua próxima reunião mensal. Há razões para um corte acentuado da taxa de juro básica. Ele teria
impacto importante nas expectativas
de baixa, já presentes no mercado futuro de juros da BM&F, melhoraria a
perspectiva de redução dos valores
cobrados no crédito a empresas e
consumidores e ajudaria a contagiar
positivamente os setores produtivos.
Em direção oposta, um corte mais
conservador na taxa Selic apenas
prolongaria a inquietante tendência
de contração da atividade econômica, uma vez que o reaquecimento ficaria dependendo quase tão-somente do aumento da massa de salário
real resultante da desinflação.
Infelizmente, o compasso de queda sinalizado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, parece validar as expectativas mais cautelosas
do mercado: um ponto percentual
em cada uma das seis reuniões do
Copom até o final do ano.
Nesse ritmo, a taxa básica de juro
chegaria em dezembro de 2003 a ainda elevados 20%. O país continuaria
sendo submetido, inutilmente, a um
remédio demasiadamente amargo
para um mal -o aumento da inflação- que já deu claros sinais de estar em recuo.
Próximo Texto: Editoriais: CÂMBIO E RESERVAS Índice
|