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São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2003

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DEFLAÇÃO E OUSADIA

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) caiu 0,15% em junho. Nos primeiros seis meses do ano, o indicador, que serve de parâmetro para as metas de inflação do Banco Central, acumulou alta de 6,6%. As expectativas de inflação para o próximo ano convergiram para a meta de 5,5%.
Os custos desse ajuste são conhecidos: a elevada taxa de juros provocou forte retração na atividade econômica. O cenário é de queda na produção industrial, nas vendas do comércio, na renda e no emprego. A valorização do real e as projeções de um aumento de 22% da safra agrícola também colaboraram para o declínio dos preços. As previsões de que haveria "resistência" da inflação e riscos de reindexação de salários mostraram-se equivocadas.
Esse cenário sugere que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deva ser mais audacioso em sua próxima reunião mensal. Há razões para um corte acentuado da taxa de juro básica. Ele teria impacto importante nas expectativas de baixa, já presentes no mercado futuro de juros da BM&F, melhoraria a perspectiva de redução dos valores cobrados no crédito a empresas e consumidores e ajudaria a contagiar positivamente os setores produtivos.
Em direção oposta, um corte mais conservador na taxa Selic apenas prolongaria a inquietante tendência de contração da atividade econômica, uma vez que o reaquecimento ficaria dependendo quase tão-somente do aumento da massa de salário real resultante da desinflação.
Infelizmente, o compasso de queda sinalizado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, parece validar as expectativas mais cautelosas do mercado: um ponto percentual em cada uma das seis reuniões do Copom até o final do ano.
Nesse ritmo, a taxa básica de juro chegaria em dezembro de 2003 a ainda elevados 20%. O país continuaria sendo submetido, inutilmente, a um remédio demasiadamente amargo para um mal -o aumento da inflação- que já deu claros sinais de estar em recuo.


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