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CLÓVIS ROSSI
Quanto vale um barril?
OSAKA - Diz o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ser "inconcebível" que o preço do petróleo ande aí
pelas alturas de US$ 140 o barril.
Sempre haverá quem ache que o
presidente teve uma recaída e incorporou o caboclo sindicalista azedo e resmungão de tempos que não
voltam mais.
Nada disso. Basta ler o que escreveu ontem Junichi Abe, redator-sênior do jornal "Yomiuri Shimbun",
que não é órgão oficial de algum
partido comunista:
"A indústria do petróleo acredita
que o preço do petróleo tecnicamente deveria estar entre US$ 70 e
US$ 80 por barril, segundo cálculos
baseados nos custos de produção e
gerenciamento. A indústria acredita que fundos especulativos são responsáveis pelo fato de as forças de
mercado terem puxado o petróleo
muito além desse nível".
Muito bem. Se o presidente
George Walker Bush acha mesmo
que a culpa pela disparada de preços dos alimentos é do petróleo caro, se o petróleo está caro, ao menos
em parte, pela especulação nos
mercados futuros, o lógico seria
tentar pôr algum tipo de limite à especulação, certo?
Certo apenas para a sabedoria
convencional. Para Bush, é errado
mexer com as tais forças de mercado. De fato, não é uma ação fácil
nem indolor, como diz Anatole Kaletsky, colunista do britânico "The
Times": "A questão já não é se os
preços do petróleo devem ser deixados a cargo do mercado, mas se
intervenções políticas que atropelem as forças de mercado melhorarão ou piorarão a situação".
É uma dúvida relevante, para a
qual a resposta só virá na eventualidade de ocorrerem as "intervenções políticas". Por ora, o que se sabe é que a alta combinada do petróleo e dos alimentos levou mais 100
milhões de pessoas à fome, nos cálculos de Robert Zoellick, o presidente do Banco Mundial, que está
longe de ser um fanático do intervencionismo estatal.
crossi@uol.com.br
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