São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2000


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CRESCER ATÉ QUANDO?

O IBGE divulgou anteontem que o PIB cresceu 3,84% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 1999. O resultado, que surpreendeu alguns analistas econômicos, é o terceiro melhor dos últimos dez anos.
Seis anos após o Plano Real e superado o risco de descontrole inflacionário decorrente da desvalorização cambial em 1999, o país parece estar criando as bases necessárias para retomar o crescimento econômico.
Apesar dessa constatação, é necessário fazer algumas considerações. Deve-se lembrar que o resultado apresentado no primeiro semestre de 2000 é o terceiro melhor de uma década em que a economia brasileira apresentou baixíssimo crescimento. A renda real per capita (o valor do PIB, descontada a inflação, dividido pela população) elevou-se à taxa média de 0,4% ao ano durante os anos 90, enquanto nos 70 essa taxa foi de 5,7%. Mesmo na chamada "década perdida", a de 80, foi de 0,8%.
Ademais, é quase consenso que a continuidade do crescimento para além do curto prazo está condicionada à superação das restrições externas no balanço de pagamentos.
Por fim, gargalos produtivos -como em setores de infra-estrutura e de insumos- podem criar pressões inflacionárias e/ou de demanda por importações que também dificultariam a manutenção do crescimento.
Assim, a elevação da taxa de investimentos é fundamental. Além disso, é preciso que grande parte dessas inversões esteja direcionada para a obtenção de expressivos saldos comerciais. Para tanto, é preciso que seja superada, em alguma medida, uma certa hostilidade de setores do governo à idéia de planejar o crescimento.
Esse planejamento, além de buscar coordenar com a iniciativa privada projetos produtivos essenciais, deveria realizar esforços para tornar mais eficiente e racional a estrutura burocrática e tributária do país. Resta saber se o governo logrará superar a inércia que vem demonstrando para levar essas tarefas à frente.


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