|
Próximo Texto | Índice
CRESCER ATÉ QUANDO?
O IBGE divulgou anteontem
que o PIB cresceu 3,84% no
primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 1999. O resultado, que surpreendeu alguns
analistas econômicos, é o terceiro
melhor dos últimos dez anos.
Seis anos após o Plano Real e superado o risco de descontrole inflacionário decorrente da desvalorização
cambial em 1999, o país parece estar
criando as bases necessárias para retomar o crescimento econômico.
Apesar dessa constatação, é necessário fazer algumas considerações.
Deve-se lembrar que o resultado
apresentado no primeiro semestre
de 2000 é o terceiro melhor de uma
década em que a economia brasileira
apresentou baixíssimo crescimento.
A renda real per capita (o valor do
PIB, descontada a inflação, dividido
pela população) elevou-se à taxa média de 0,4% ao ano durante os anos
90, enquanto nos 70 essa taxa foi de
5,7%. Mesmo na chamada "década
perdida", a de 80, foi de 0,8%.
Ademais, é quase consenso que a
continuidade do crescimento para
além do curto prazo está condicionada à superação das restrições externas no balanço de pagamentos.
Por fim, gargalos produtivos -como em setores de infra-estrutura e de
insumos- podem criar pressões inflacionárias e/ou de demanda por
importações que também dificultariam a manutenção do crescimento.
Assim, a elevação da taxa de investimentos é fundamental. Além disso,
é preciso que grande parte dessas inversões esteja direcionada para a obtenção de expressivos saldos comerciais. Para tanto, é preciso que seja
superada, em alguma medida, uma
certa hostilidade de setores do governo à idéia de planejar o crescimento.
Esse planejamento, além de buscar
coordenar com a iniciativa privada
projetos produtivos essenciais, deveria realizar esforços para tornar mais
eficiente e racional a estrutura burocrática e tributária do país. Resta saber se o governo logrará superar a
inércia que vem demonstrando para
levar essas tarefas à frente.
Próximo Texto: Editorial: INDEFENSÁVEL Índice
|