São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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PAINEL DO LEITOR


Acordo e PSB
"Surpreendeu-me o conteúdo da chamada "FHC negociou apoio com oposição", publicada na Primeira Página em 8/8, sob a responsabilidade de Kennedy Alencar, da Sucursal de Brasília. No final da chamada, afirma-se: "Pedro Malan (Fazenda) falou com Tito Ryff, assessor de Anthony Garotinho (PSB), que rejeitou o acordo". Na verdade, depois de várias tentativas frustradas de contato ao longo do dia, conversamos pelo telefone, eu e o ministro Pedro Malan, às 22h30 do dia 7, horário em que, muito provavelmente, a edição da Folha para o dia seguinte já estava fechada. O ministro Malan detalhou-me o conteúdo do acordo e solicitou-me que o comunicasse ao candidato Anthony Garotinho. Afirmou também que era muito importante para o país que os candidatos tivessem uma atitude construtiva em relação ao acordo, instrumento indispensável, segundo o ministro, para assegurar a governabilidade do próximo governo. Respondi ao ministro que, como economista, entendia a necessidade e a importância do acordo para o país e que diria isso a Anthony Garotinho. Em nenhum momento afirmei, em caráter pessoal, ou como assessor de Garotinho, que era contra o acordo. E o ministro Malan, tenho certeza, poderá testemunhar a respeito. Devo acrescentar que Kennedy Alencar não teve o cuidado de procurar-me para que a Folha obtivesse confirmação da versão inverídica difundida por uma fonte do Planalto Central que, infelizmente, ainda não consegui identificar. O ministro Malan, com quem falei após ler a reportagem de Kennedy Alencar, nega que a versão mentirosa tenha sido produzida por sua assessoria. Ao ler a reportagem da Folha do dia 8/8, não pude deixar de indagar-me: 1) Como foi possível para Kennedy Alencar ter conhecimento de uma conversa telefônica horas antes que ela efetivamente tivesse ocorrido? Seria uma nova forma de jornalismo, em que a notícia antecede o fato? O que pensa o ombudsman da Folha a esse respeito? Qual a motivação política do Planalto ao "plantar" notícia inverídica na Folha sobre a posição de Anthony Garotinho com relação ao acordo com o FMI?"
Tito Ryff, assessor econômico de Anthony Garotinho (Rio de Janeiro, RJ)

Nota da Redação - O trecho final da chamada "FHC negociou apoio com oposição" (Primeira Página, 8/8), que foi publicada apenas na edição concluída à meia-noite, ficou dúbio ao não explicitar que a recusa ao acordo não havia sido informada por Tito Ryff, mas, sim, por Anthony Garotinho. Por um erro de montagem, essa informação não foi acrescentada à reportagem "FHC consultou candidatos para fechar acordo com o FMI", publicada na mesma data no caderno Dinheiro.

FMI
"Lendo dois artigos publicados em 8/8 -"Já quebrou", de Clóvis Rossi, e "Crise do mercado ou crise do sujeito?", de Contardo Calligaris-, é possível entender a cruel lógica do mundo globalizado. O Brasil tornou-se peça de um sistema que é movido à base de aparências. Não importa se vivemos num país em que milhões são vítimas da violência urbana e do narcotráfico, se nossas universidades públicas estão em agonia, se a distribuição de renda aqui é comparável à de países africanos em guerra civil. O importante é que conseguimos um acordo com o FMI que ajudará a maquiar por algum tempo os nossos índices econômicos. Assim como a Enron e a WorldCom, o governo tenta disfarçar a nossa triste realidade: o Brasil quebrou. Mas, como dizem Calligaris e Rossi, vivemos num mundo de aparências. Enquanto a nossa podridão puder ser jogada para debaixo do tapete, é sinal de que o tal "sistema" funciona."
Rodrigo Gonzaga Sagastume (Brasília, DF)

"O FMI foi "carinhoso" com o Brasil. Os técnicos de FHC queriam US$ 15 bilhões, e receberam US$ 30 bilhões e afagos. Com tanto milagre, a mídia não percebe que o acordo é só jogada política. Será assinado oficialmente somente em setembro. Até lá, caso Serra não decole nas pesquisas, o acordo será transferido por "problemas técnicos" para novembro. E, depois, para ser rediscutido com o novo governo. Acredite quem quiser. Eu sou velho demais para isso."
Pedro Luizito Tarobá, aposentado (Cambé, PR)

Igreja e mulher
"Gostaria de lembrar à leitora Denise Storare Furlan ("Painel do Leitor", 7/8) que a não-ordenação de mulheres na Igreja Católica é coerente com a atitude de Cristo, que tornou sacerdotes apenas homens, reservando para as mulheres outras atividades. Isso não significa um "machismo puro e cruel", e sim que, dentro de qualquer organismo, cada órgão desempenha um papel específico. A pergunta que a leitora faz -"Até quando as mulheres servirão à igreja somente como subordinadas ou santas?'- indica o seu desconhecimento sobre esse aspecto da doutrina católica. Sendo, como ela própria disse, cristã não-católica, carece de conhecimentos profundos sobre nossa doutrina. A Igreja Católica, reconhecendo tantas mulheres como santas, está exaltando e valorizando cada uma de nós na vida virtuosa e heróica de cada uma delas."
Ana Cristina N. Sasaki (São Paulo, SP)

Presos e polícia
"A destituição de dois juízes corregedores pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo provoca uma verdadeira festa entre os integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Trata-se de uma nova vitória do crime organizado contra a Justiça e as pessoas de bem. A carta de um preso, que teria atuado como informante da polícia, foi divulgada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sustentando que o confronto entre a PM e bandidos -em 5/3, no pedágio da rodovia Castelinho, perto de Sorocaba, e no qual morreram 12 assaltantes ligados ao PCC- foi execução sumária, sob autorização do secretário Saulo de Abreu. A OAB exigiu providências, assim como vários membros da famigerada "turma dos direitos humanos dos bandidos". Estão aí as enérgicas medidas sumárias: remoção dos juízes, punição para quem não merece. Acatam muito mais a palavra de um preso condenado a mais de 20 anos de prisão enquanto a polícia tenta reduzir o drama de uma população acuada. Estamos perplexos e preocupados diante de tanta falta de bom senso."
Afanasio Jazadji , deputado estadual -PFL-SP (São Paulo, SP)

Violência
"No dia 27 de julho sofri um assalto a mão armada, um fato comum nos dias de hoje em qualquer grande cidade brasileira; já é o segundo que sofro em São Paulo. São alguns segundos que serão marcados pelo resto dos anos. Ficar na mira de um revólver, empunhado por um desesperado, que não teve passado, não tem presente e muito menos futuro. Eu ali imóvel, torcendo para que tudo terminasse logo e que ele se fosse satisfeito com os R$ 17 da minha carteira; pensei em dialogar, tentar mostrar que também sou um excluído. Quem sabe não torcemos pelo mesmo time. No final, fiquei rezando para que ele não notasse o santinho na carteira, temendo que ele fosse devoto de santo diferente!!!"
Nivan Ferreira Gomes (São Paulo, SP)



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