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AVANÇO PARA A CIÊNCIA
São bem-vindas as emendas
introduzidas pelo senador Osmar Dias (PDT-PR) no projeto da Lei
de Biossegurança que tramita no Senado. Elas permitem a pesquisa com
células-tronco embrionárias, que está na base da terapia celular e da chamada clonagem terapêutica. Na versão do projeto que veio da Câmara,
por força dos lobbies evangélico e católico, esse tipo de investigação foi,
para efeitos práticos, proibido.
As terapias que usam células-tronco são uma das principais promessas da ciência para o tratamento de
diabetes, mal de Parkinson e outras
doenças degenerativas, além de trazer a perspectiva de que, um dia, laboratórios possam desenvolver órgãos para transplantes.
O princípio geral é o de que células-tronco embrionárias conservam a
capacidade de converter-se em qualquer tipo de tecido, de pele a ossos. A
objeção religiosa deve-se ao fato de
que, para obter as células-tronco, é
necessário destruir embriões na fase
de blastocistos -um aglomerado de
cerca de uma centena de células. Já
existe algo como 20 mil embriões
nessas condições congelados em clínicas de fertilidade. Muitos deles serão destruídos de qualquer forma,
pois são sobras de processos de fertilização "in vitro".
As alterações propostas ainda ficam aquém do desejável, ao não prever, por exemplo, a possibilidade de
que, no futuro, células-tronco embrionárias sejam produzidas a partir
de tecidos do próprio paciente, contornando assim o problema da rejeição. Não há dúvida, porém, de que o
substitutivo agora aprovado na Comissão de Educação do Senado representa um enorme avanço em relação ao texto anterior.
Não se prevêem maiores problemas para o projeto ser sancionado
pelo Senado, hipótese em que voltaria à Câmara -onde se concentram
os lobbies contrários. Portanto, se o
governo não se mobilizar para garantir a pesquisa com células-tronco,
o país corre o risco de ser condenado
ao atraso numa área vital da ciência.
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