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Turismo acidentado
PF age à revelia do Planalto, implica PMDB e PT no roteiro de escândalos na Esplanada e complica relação de Dilma com Congresso Nacional
Casa Civil, Transportes, Agricultura e, agora, Turismo: segue
em crescimento a lista de ministérios com ocupantes de primeiro e
segundo escalão ejetados -ou até
mesmo encarcerados- sob indícios graves de irregularidades.
Firma-se na opinião pública a
imagem da Esplanada como um
ninho de víboras, do qual não cessam de brotar malfeitos, desvios e
traficâncias. O governo Dilma
Rousseff, porém, não é o primeiro
a debater-se com o transbordamento de denúncias e suspeitas.
A presente administração está
em linha direta de continuidade
com a de Luiz Inácio Lula da Silva,
que ficará para sempre marcada
pelo estigma do mensalão. E, ainda, com a longa tradição nacional
de patrimonialismo.
Interesses privados e eleitorais
há muito se imiscuem nos negócios públicos e dão combustível
para repetidos escândalos. Nenhum governo, desde a democratização pós-1985, ficou livre deles.
A razia sobre o Turismo, contudo, ostenta peculiaridades e uma
medida extra de constrangimento
para Dilma, que não decorre só de
ser o quarto episódio na série, sem
capítulo final em vista. Após o
desgaste prolongado com seu
apoio a Antonio Palocci, a presidente passou a reagir com maior
presteza e até mostrou certa habilidade em usar as crises para fabricar a imagem de mandante da "faxina". Não se vislumbra, contudo,
como o novo escândalo deixará de
causar prejuízo político -para si,
seu governo e seu partido.
Desta feita a incursão foi iniciativa da Polícia Federal (PF), sem a
mão ou a caneta do Planalto. Mesmo que avisada da prisão de suspeitos -o que parece defensável,
pois um dos detidos era o segundo
na hierarquia de um ministério-,
Dilma ficou com o papel de espectadora, e não de protagonista, da
investigação. Qualquer movimento seu para tentar assumir o controle poderá ser visto como interferência em ação policial legítima.
A engrossar o caldo das dificuldades do governo no Congresso
há o fato de que não se trata mais
só de suspeitos afiliados a um partido coadjuvante da base de apoio
de Dilma Rousseff, como o PR.
Com os tapetes levantados nos gabinetes da Agricultura e do Turismo, ficaram expostos também
PMDB e PT, esteios da faraônica
coalizão governamental.
Permitir que todos os aliados
sejam postos na berlinda ao mesmo tempo decerto não favorecerá
Dilma em votações decisivas nos
próximos meses, como a da emenda constitucional para renovar a
Desvinculação de Receitas da
União (DRU). Isso se não municiar
a oposição com defecções suficientes para aprovar uma CPI, coisa que ainda parece improvável.
Por fim, a detenção de pessoas
ligadas ao PT de Marta Suplicy
conturba o já confuso cenário das
pré-candidaturas do partido para
a prefeitura paulistana em 2012. À
primeira vista, favorece a candidatura do indigitado por Lula, Fernando Haddad -que, no entanto,
terá de equilibrar mais esse fardo,
além da bagagem do mensalão e
dos fiascos nas provas do Enem.
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