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15 minutos de fama
Líder de uma insignificante comunidade religiosa do interior da
Flórida, o pastor norte-americano
Terry Jones ganhou mais atenção
do que mereceria com a infeliz
ideia de promover hoje o que chamou de "dia internacional da
queima do Alcorão".
A data escolhida marca o nono
aniversário dos sangrentos ataques desfechados contra o World
Trade Center, em Nova York, e outros alvos nos EUA por fundamentalistas islâmicos ligados à rede
extremista Al Qaeda.
Sem separar o joio do trigo, Jones decidiu agredir os sentimentos de toda a comunidade muçulmana, com mais de 1 bilhão de
pessoas, afixando à porta da sua
igreja um cartaz com os dizeres "o
islã é do Diabo". Foi o início de
uma escalada que levou à decisão
de queimar o livro sagrado da religião maometana.
Dada a importância diminuta
do personagem -a igreja de Jones
tem apenas 50 fiéis- era de esperar que a iniciativa passasse despercebida. Mas os planos do pastor americano chegaram ao conhecimento de muçulmanos no
Afeganistão, palco de ofensiva militar dos EUA.
Os protestos que começaram a
ocorrer no país centroasiático -e
que já custaram ao menos uma vida- levaram o chefe das tropas
americanas no país, general David Petraeus, a alertar para um potencial risco a seus soldados caso
Jones levasse adiante o plano. O
próprio presidente Barack Obama
se viu forçado a comentar o caso e
disse que a empreitada do pastor
favoreceria uma onda de recrutamento para a Al Qaeda.
Depois de todos os apelos, Jones recuou anteontem de seus
planos após suposto compromisso -a seguir negado- de que a comunidade muçulmana desistiria
da intenção de construir uma
mesquita nas proximidades do
Marco Zero, palco dos principais
atentados de 11 de setembro de
2001.
A liberdade de expressão, valor
fundamental da Constituição dos
EUA e das verdadeiras democracias, dá ao pastor o direito de denunciar o Alcorão ou mesmo de
queimá-lo. Mas o que é legítimo
nem sempre é recomendável. A
memória do 11 de Setembro e suas
duradouras consequências, como
a própria guerra no Afeganistão,
não precisam ser inflamadas por
atitudes literalmente incendiárias
de um pastor obscuro em busca de
seus 15 minutos de fama.
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