São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Volta o câmbio fixo

A crise nos países desenvolvidos trouxe mais um desdobramento surpreendente: a decisão do banco central suíço de abandonar, na prática, a livre flutuação da moeda, ao anunciar que se dispõe a comprar "quantidade ilimitada" de divisas para impedir que o franco continue a se valorizar.
Preocupado com a perda de competitividade do setor exportador, o BC suíço foi além: "não mais tolerará" uma cotação abaixo de 1,20 franco por euro.
A decisão foi inesperada porque, no mundo das finanças, há séculos a Suíça é sinônimo de estabilidade e segurança -razão pela qual a moeda emitida por esse pequeno país é procurada por quem busca um "porto seguro" para resguardar a riqueza.
As demais moedas que costumam ser usadas como reserva de valor, vale lembrar, têm emissores de peso econômico e geopolítico incomparavelmente maior: EUA (dólar), União Europeia (euro), Japão (iene) e Reino Unido (libra).
A decisão suíça foi recebida com espanto e perplexidade pelo mercado financeiro. Em apenas 15 minutos, o franco suíço caiu mais de 7% ante o euro, o dólar e o ouro.
A iniciativa suíça reacende a guerra cambial global. Aumenta, portanto, a perspectiva de que nos próximos meses outros países venham a apelar para medidas voltadas a desvalorizar suas moedas.
Um candidato natural é o Japão, cuja indústria sofre com o fortalecimento do iene (embora não se espere dos japoneses atitude tão drástica quanto a dos suíços). Outros países poderiam embarcar numa corrida de desvalorizações competitivas, como se verificou na Depressão da década de 1930.
O enfraquecimento das moedas que tradicionalmente vêm sendo usadas como reserva de valor é fator que tende a reforçar os fluxos de capital para aquelas economias emergentes que, apesar da crise nas economias maduras, seguem em crescimento.
Isso significaria, no caso do Brasil, uma renovada pressão de apreciação do real -reforçando a tensão entre o regime de câmbio flutuante e o aumento de intervenções e controles cambiais pelo mundo afora.


Texto Anterior: Editoriais: Mitos do 11/9
Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: O calcanhar de Sócrates
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.