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CLÓVIS ROSSI
O BC vai ao palanque
SÃO PAULO - Ao dizer que, da parte do governo, não há muito o que fazer
para conter a alta do dólar, o presidente do Banco Central, Armínio
Fraga, está encurtando o mandato
de um presidente que, uma e outra
vez, se comprometeu a governar até
31 de dezembro próximo.
Ninguém espera do atual governo
que lance, agora, um novo plano
educacional, de saúde, ambiental ou
que se proponha a construir uma
ponte ligando Manaus a Porto Alegre. Espera-se que administre a crise
cambial. Ponto.
Se não tem muito o que fazer nessa
área, não tem muito a governar. Como o eleito para suceder FHC só governará a partir de janeiro, até lá o
país vai ficar à mercê dos mercados.
Pior: por mais que negue, o presidente do BC não permite outra interpretação, que não a eleitoral, para
suas declarações.
Vejamos: no dia 19, o presidente
Fernando Henrique Cardoso encontrou-se com os então quatro principais candidatos presidenciais. O que
aconteceu? Relata a Folha:
"Depois de se encontrar com os
quatro principais candidatos à sua
sucessão, o presidente Fernando
Henrique Cardoso afirmou que estava satisfeito porque todos haviam assumido o compromisso de honrar o
acordo acertado com o FMI (Fundo
Monetário Internacional)".
"Todos disseram que vão honrar",
afirmou FHC. Ora, o acordo com o
FMI prevê exatamente o que Armínio volta a cobrar agora, quando diz
que "existe hoje um clima de medo de
que não se vá prosseguir numa trajetória de responsabilidade fiscal e de
transparência, medo de que não vá
haver um compromisso firme com taxa de inflação baixa".
Ou o presidente mentiu há dois meses, ou o presidente do BC resolveu
subir no palanque e fazer o mesmo
terrorismo eleitoral que a campanha
de Serra ensaiou no início e não foi
comprado pelo eleitorado.
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