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CLAUDIA ANTUNES
Luz no fim do túnel
RIO DE JANEIRO - É quase automático, no Rio, relacionar a violência e os
surtos de banditismo com o veredicto
eleitoral. Foi assim quando Benedita
da Silva (PT) foi derrotada por Cesar
Maia (então no PMDB) na disputa
pela prefeitura em 1992, depois de
uma onda de arrastões nas praias da
zona sul. Foi assim quando Moreira
Franco (PMDB), prometendo acabar
com a violência em seis meses, venceu
Darcy Ribeiro (PDT) na eleição para
o governo do Estado, em 1986.
Essa relação persiste, mas tem
nuances novas. Do fundo das urnas
de 2002, surge a esperança de que o
entendimento do eleitor em relação
ao combate à criminalidade esteja
um pouco mais sofisticado.
Na vitória de Rosinha Garotinho
(PSB), não esteve em questão a violência no Estado. Ela elegeu-se no
primeiro turno graças aos votos do
interior e da Baixada, onde semeou
vasto eleitorado com os programas
assistenciais que implantou como secretária de Ação Social. Foi beneficiada por ter deixado o cargo em
abril, livrando-se, com o marido, do
desgaste de administrar um Orçamento cujas despesas haviam sido levianamente aumentadas.
A candidatura da governadora Benedita da Silva foi, em parte, minada
pela criminalidade. A sete dias da votação, ameaças e boatos fecharam o
comércio em dezenas de bairros.
Mesmo assim, na capital, área mais
afetada pelo terror do tráfico, ela teve
30% dos votos, o que a levaria a um
segundo turno contra Rosinha, com
38%. Em crises sucessivas, sua equipe
convenceu setores mais escolarizados
de que tentava agir com seriedade
contra o crime organizado.
No entanto foi na votação de Solange Amaral (PFL), candidata do
prefeito Cesar Maia, que ficou patente o envelhecimento do discurso que
explora a insegurança com irresponsabilidade. O programa de Solange
na TV dedicou-se a martelar a suposta falta de pulso firme de Benedita e
de Rosinha. Maia chegou a defender
que se matassem "500 mil", se isso
fosse necessário, para pôr fim à violência. A pefelista teve 14% dos votos
da capital, 9% no Estado.
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