São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR


Tributos
"A carga tributária brasileira atingiu mais de 38% do PIB no primeiro semestre de 2004, sinalizando a inibição dos investimentos. Tributos elevados reduzem sensivelmente os ganhos de capital dos agentes econômicos, sufocam as pequenas e médias empresas, impedem a economia de gerar empregos e renda e fazem dos trabalhadores os mais prejudicados e desfavorecidos. A economia brasileira, mesmo assim, dá sinais de vigor e de crescimento -da ordem de 4,5% ao ano, enquanto outros emergentes, como a China, a Índia e a Rússia crescem cerca de 7% ao ano." Gildezio Dias Figueiras, economista (Birigüi, SP)

Homossexualidade
"Contraditórias e eivadas de preconceitos são as considerações tecidas pela senhora Cristina Pacheco ("Painel do Leitor", 10/10). Quais máculas precisam de sanativo, o homossexualismo ou o preconceito e a intolerância? É inegável a constatação de que o "mal social" encontra-se na tentativa de impor valores de determinados grupos a uma sociedade que vive sob a égide de um Estado democrático de Direito. O sexo, então, seria definido pela orientação sexual? É exatamente o livre-arbítrio concedido ao homem (e reconhecido pela leitora) que possibilita a caminhada por estradas diversas. Ademais, a quem foi legitimado o poder de definir quais são as faculdades e o lugar certo inerentes a cada ser? Se tal competência, sempre invocada por restritos setores sociais ao logo da história, fosse inquestionável, a teoria do poder divino dos governantes estaria ainda em vigor. Retrato da animalização do homem é erigir a ignorância e o radicalismo à categoria de princípios norteadores de políticas sociais." Ana Gabriela Brito Melo Rocha, estudante da Faculdade de Direito da UFMG (Belo Horizonte, MG)

Política nuclear
"Muito boa e oportuna a opinião do diplomata José Maurício Bustani ("Em defesa do programa nuclear brasileiro", "Tendências/Debates", 10/10) acerca do programa nuclear brasileiro. Bustani é um eminente brasileiro que, injustiçadamente e por armação, foi afastado da Opaq. Espero que a nossa imprensa reflita sobre a opinião do diplomata e venha nos informar de forma consistente e segura sobre o tema abordado pelo ilustre embaixador." Júlio César Peixoto Pimenta (Belo Horizonte, MG)

Lei eleitoral
"Na inauguração de um trecho da Radial Leste, Lula transgrediu a lei leitoral e fez campanha explícita para sua candidata. Depois, pediu desculpas. Agora temos a reincidência. Mais uma vez o presidente usa um gabinete de trabalho e gasta horas de seu tempo e do tempo de seus ministros com questões exclusivamente partidárias. Reunião para tratar de questões partidárias e eleitorais em hora de expediente, no Palácio do Planalto, com ministros, é uma afronta à lei eleitoral e ao regime republicano." Rodrigo Borges de Campos Netto (Brasília, DF)

"A multa imposta ao presidente Lula
por ter pedido votos para Marta Suplicy durante a inauguração de uma obra pública institui duas leis eleitorais no país: uma para o PT e outra para o PSDB. Em 2000, durante a inauguração de uma obra pública ("FHC visita obra citada por Alckmin na TV", 24/9), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também pediu votos para o então candidato tucano a prefeito -e hoje governador de São Paulo- Geraldo Alckmin. E nada aconteceu." Eduardo Guimarães (São Paulo, SP)

Governo do Estado
"A coluna de Luís Nassif de 7/10 ("As eleições de São Paulo", Dinheiro) é injusta com o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin. Como democrata, respeito a opinião de todos, mas em algumas passagens a coluna de Nassif contraria os fatos. O jornalista diz que Geraldo Alckmin tem mais prestígio no interior do que na capital. Na eleição de 2002, Alckmin obteve 64% dos votos da capital e 56% dos votos do interior. Ganhou tanto na capital como no interior, mas a vantagem na capital foi maior. Luís Nassif também diz que Alckmin não buscou quadros "de primeiro nível" do governo Fernando Henrique que ficaram disponíveis em 2003. Cito alguns nomes que passaram do governo federal para o governo do Estado de São Paulo: Arnaldo Madeira, que era líder do governo Fernando Henrique na Câmara dos Deputados, agora é chefe da Casa Civil de São Paulo; Eduardo Guardia, que era secretário do Tesouro Nacional, é secretário estadual da Fazenda; Andrea Calabi, que foi presidente do Banco do Brasil e do BNDES, é secretário de Planejamento. Poderia citar ainda Maria Helena Guimarães de Castro (secretária de Ação Social), Luiz Roberto Barradas (secretário de Saúde), Cláudia Costin (secretária de Cultura), Lars Grael (secretário de Juventude, Esportes e Lazer), Jurandir Fernandes (secretário dos Transportes Metropolitanos), todos também ocuparam posições de destaque no governo Fernando Henrique. Dizer que Geraldo Alckmin montou um secretariado de "pouca expressão" é contrariar os fatos. É com esse time que Geraldo Alckmin lidera um dos governos mais bem avaliados de todo o Brasil, mesmo atuando em um Estado de cidadãos exigentes como os paulistas." Edson Aparecido, deputado estadual e presidente do PSDB da capital (São Paulo, SP)

Auto-estima
"Primoroso o artigo de Nelson Motta de 8/10 ("Pra que discutir com madame?", Opinião, pág. A2). Deveria servir de referência obrigatória para os "marqueteiros" responsáveis pelas campanhas governamentais de resgate (?) da auto-estima dos brasileiros. O autor traçou um mosaico completo que resume os males "tapuias (com a licença de Barbara Gancia). Se valer para algum consolo, Nelson Motta deveria erguer as mãos para o céu pelo fato de ninguém ter ido buscar o seu microondas. Provavelmente estaria agora tendo outros dissabores devido a serviços mal executados." Pedro Paulo Galdino (São Caetano do Sul, SP)

Itaipu
"Seria muito bom para todos os subalternos do país que a senhora Gleisi Hoffmann, diretora financeira da Itaipu Binacional ("A energia que ninguém vê", "Tendências/Debates", 6/10), também descobrisse que os índios mbyá guarani e avá guarani que vivem na localidade de Ocoí, às margens do lago de Itaipu, há décadas aguardam compensações pelas terras que perderam devido à implantação da "maior usina do planeta". Não faltaram pareceres e laudos indicando à Binacional os direitos dos indígenas, mas até o momento as soluções oferecidas foram parciais e irrisórias." É tempo, pois, de uma nova descoberta: há índios deserdados pela Binacional aguardando justiça." Sílvio Coelho dos Santos, antropólogo da UFSC (Florianópolis, SC)

Pesquisa
"O Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, esclarece que a carta intitulada "Pesquisa" ("Painel do Leitor", 6/10), do pesquisador Hilton Ferreira Japyassú, contrapõe-se à realidade do Instituto Butantan. O governo do Estado de São Paulo não só tem reconhecido a importância do trabalho dos pesquisadores e de seus institutos como tem investido recursos públicos significativos. Só para o Butantan, foram contratados, por meio de concurso público, 53 novos pesquisadores em 2004 -cujos salários representam aumento mensal de R$ 122.491,49 na folha de pagamento da instituição. A Fapesp, agência de fomento à pesquisa financiada pelo governo estadual, foi responsável pelo investimento de mais de R$ 3 milhões no Instituto Butantan no ano passado -entre concessão de bolsas e financiamento de projetos. O governo de São Paulo, por intermédio da Secretaria de Estado da Saúde, também investirá cerca de R$ 16 milhões em uma nova fábrica de vacinas e prevê investimentos da ordem de R$ 100 milhões para a construção da mais moderna fabrica de hemoderivados do mundo." Otavio Azevedo Mercadante, diretor do Instituto Butantan (São Paulo, SP)

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