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Turbulência persistente
NOVO NÍVEL recorde do preço do petróleo; dólar em
baixa inédita diante do
euro; grandes prejuízos dos bancos americanos com as hipotecas. A semana que passou trouxe
desdobramentos que realimentam a incerteza sobre as economias desenvolvidas -em particular sobre a dos Estados Unidos, a mais fragilizada.
O rápido encarecimento do petróleo tem impacto inflacionário. A debilidade do dólar também pressiona os preços, ao tornar mais caras as importações no
mercado americano. Os dois fenômenos, somados, reduzem o
raio de manobra do Fed (o banco
central dos EUA) para voltar a
cortar a sua taxa básica de juros.
Os dirigentes do Fed implicitamente reconheceram essa contingência. Em manifestações recentes, transparece a avaliação
de que os riscos de subida da inflação e de enfraquecimento da
atividade econômica hoje se
equivalem. A mudança de ênfase
comparativamente a seu discurso precedente, que privilegiava a
necessidade de combater o perigo de recessão, foi clara.
O corte de juros é a principal
arma a que o Fed vem recorrendo para debelar o risco de recessão advindo da crise na construção residencial e da conseqüente
retração do crédito. Pode-se
aquilatar, portanto, que as chances de advento de uma recessão
nos EUA em prazo relativamente curto continuam presentes.
Seria precipitado, contudo,
afirmar que a recessão se tornou
um desdobramento inevitável. O
que parece ineludível é a persistência, ao menos por alguns meses, de um quadro de incerteza
propício a episódios de turbulência financeira.
Nessa circunstância, deverá
revelar-se novamente de grande
valia, como elemento amortecedor do impacto da instabilidade
global sobre o Brasil, o grande estoque de reservas de divisas acumulado pelo Banco Central.
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