São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2007

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Turbulência persistente

NOVO NÍVEL recorde do preço do petróleo; dólar em baixa inédita diante do euro; grandes prejuízos dos bancos americanos com as hipotecas. A semana que passou trouxe desdobramentos que realimentam a incerteza sobre as economias desenvolvidas -em particular sobre a dos Estados Unidos, a mais fragilizada.
O rápido encarecimento do petróleo tem impacto inflacionário. A debilidade do dólar também pressiona os preços, ao tornar mais caras as importações no mercado americano. Os dois fenômenos, somados, reduzem o raio de manobra do Fed (o banco central dos EUA) para voltar a cortar a sua taxa básica de juros.
Os dirigentes do Fed implicitamente reconheceram essa contingência. Em manifestações recentes, transparece a avaliação de que os riscos de subida da inflação e de enfraquecimento da atividade econômica hoje se equivalem. A mudança de ênfase comparativamente a seu discurso precedente, que privilegiava a necessidade de combater o perigo de recessão, foi clara.
O corte de juros é a principal arma a que o Fed vem recorrendo para debelar o risco de recessão advindo da crise na construção residencial e da conseqüente retração do crédito. Pode-se aquilatar, portanto, que as chances de advento de uma recessão nos EUA em prazo relativamente curto continuam presentes.
Seria precipitado, contudo, afirmar que a recessão se tornou um desdobramento inevitável. O que parece ineludível é a persistência, ao menos por alguns meses, de um quadro de incerteza propício a episódios de turbulência financeira.
Nessa circunstância, deverá revelar-se novamente de grande valia, como elemento amortecedor do impacto da instabilidade global sobre o Brasil, o grande estoque de reservas de divisas acumulado pelo Banco Central.


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