São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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O PREÇO DA ENERGIA

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, órgão do Ministério de Minas e Energia, realizou o primeiro leilão de "energia velha" -fornecida por usinas já amortizadas. Os preços ficaram abaixo das expectativas dos investidores: em torno de R$ 57,51 por MW médio para os contratos de 2005, R$ 67,33 por MW médio para 2006 e R$ 75,46 para 2007, com reajuste anual pelo IPCA, índice que mede a inflação do consumidor. Estima-se que a tarifa de energia deverá cair em média 5% nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste no próximo ano.
A situação corrente de abundância de oferta de energia parece ter condicionado o resultado do leilão. Os reservatórios das regiões Sudeste/Centro-Oeste apresentam 59,2% da capacidade de armazenamento; os da região Sul, 81,4%; e da Região Nordeste, 55,3%. Estão todos acima de níveis que se consideram arriscados.
No curto prazo, os consumidores deverão ser beneficiados com tarifa menor e estabilidade dos preços, o que deverá permitir a redução da inadimplência. A energia relativamente barata também deverá ajudar a expansão da atividade econômica.
O principal problema é que preços mais baixos tendem a desestimular os investimentos para garantir o suprimento futuro de energia. Como as tarifas vão ficar em um patamar aquém da faixa de retorno considerada adequada, compromete-se a capacidade de investidores privados de promover a expansão do setor.
Além disso, o leilão pareceu contraditório com o próprio objetivo do governo de fortalecer o papel das empresas públicas de energia no sistema. As companhias controladas pela Eletrobrás responderam por 83% da energia vendida. Como a tarifa foi baixa, as empresas terão fluxos de caixa menores nas usinas existentes e, por conseqüência, condições menos favoráveis para participar dos leilões de energia nova. Não foi, portanto, um resultado a comemorar.


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