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O PREÇO DA ENERGIA
A Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica, órgão do
Ministério de Minas e Energia, realizou o primeiro leilão de "energia velha" -fornecida por usinas já amortizadas. Os preços ficaram abaixo
das expectativas dos investidores: em
torno de R$ 57,51 por MW médio para os contratos de 2005, R$ 67,33 por
MW médio para 2006 e R$ 75,46 para
2007, com reajuste anual pelo IPCA,
índice que mede a inflação do consumidor. Estima-se que a tarifa de
energia deverá cair em média 5% nas
regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste
no próximo ano.
A situação corrente de abundância
de oferta de energia parece ter condicionado o resultado do leilão. Os reservatórios das regiões Sudeste/Centro-Oeste apresentam 59,2% da capacidade de armazenamento; os da
região Sul, 81,4%; e da Região Nordeste, 55,3%. Estão todos acima de
níveis que se consideram arriscados.
No curto prazo, os consumidores
deverão ser beneficiados com tarifa
menor e estabilidade dos preços, o
que deverá permitir a redução da inadimplência. A energia relativamente
barata também deverá ajudar a expansão da atividade econômica.
O principal problema é que preços
mais baixos tendem a desestimular
os investimentos para garantir o suprimento futuro de energia. Como as
tarifas vão ficar em um patamar
aquém da faixa de retorno considerada adequada, compromete-se a capacidade de investidores privados de
promover a expansão do setor.
Além disso, o leilão pareceu contraditório com o próprio objetivo do
governo de fortalecer o papel das empresas públicas de energia no sistema. As companhias controladas pela
Eletrobrás responderam por 83% da
energia vendida. Como a tarifa foi
baixa, as empresas terão fluxos de
caixa menores nas usinas existentes
e, por conseqüência, condições menos favoráveis para participar dos leilões de energia nova. Não foi, portanto, um resultado a comemorar.
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