São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Por um Natal solidário

Nestas semanas, estamos preparando o Natal. Grupos de famílias e comunidades reúnem-se para rezar com fé e acolher a vinda sempre nova de Cristo, recebendo-o na pessoa de cada irmão. Acolher Cristo significa aceitar os valores que Ele nos comunica: a confiança no Pai, a comunhão com a Santíssima Trindade, o amor fraterno e universal, o perdão aos inimigos, a solidariedade no sofrimento e a certeza da vida eterna.
É tempo, à luz da fé cristã, para abrirmo-nos à transcendência da divindade de Jesus e ao mistério de nossa salvação.
No entanto a mensagem de paz, justiça e fraternidade que Jesus nos anuncia parece ainda desconhecida para o mundo, onde prevalece o individualismo, a discórdia, a injustiça e a violência. A desigualdade clamorosa entre ricos e pobres, o descaso pelos necessitados e o abandono dos idosos e das crianças demonstram que falta muito para as lições de Cristo penetrarem nos corações.
O Natal de Jesus é ocasião de compreendermos que o Filho de Deus veio nos ensinar o amor solidário pelos irmãos e irmãs.
O amor de Jesus Cristo é solidário. Ao entrar nesse mundo, quis em tudo, menos no pecado, partilhar a nossa condição, enfrentando o trabalho, o cansaço, as incompreensões e a morte violenta e injusta. Sofreu os efeitos da inveja, do ódio e da perseguição. Não quis privilégios. Tudo superou por nosso amor, para nos redimir do pecado e do egoísmo,
A solidariedade de Cristo é a grande lição do desígnio divino de salvação do mundo. Ao contemplarmos o presépio de Belém, somos convidados a fazer a mesma experiência de amor gratuito e solidário. A mãe, no hospital, ao lado de sua filha que sofre, deseja sem dúvida a saúde e o bem da criança. Enquanto espera e se desvela, dá o exemplo mais belo de amor, partilhando, minuto por minuto, o sofrimento da filha querida.
O amor gratuito dos pais aos filhos, a paciência dos enfermos, a caridade dos que a eles se dedicam, a generosidade e o sacrifício dos missionários que propagam a concórdia e a paz, tudo isso é fruto do Natal de Jesus.
Entendemos melhor o sentido de nossa existência terrena como dom que Deus nos concede de vivermos a solidariedade com as situações humanas mais diversas, assumindo -por amor- tristezas e alegrias, no exercício da fraternidade cristã. O Natal nos introduz na felicidade de dar a vida pelos irmãos, partilhando com os outros as vicissitudes da existência e procurando a todo momento ajudar a fazer o bem. Assim, o Natal nos comunica a mística da vida fraterna, sem privilégios, imitando Cristo no mistério da salvação solidária.
Procuremos, nestes dias litúrgicos do Advento, contemplar a cena da gruta de Belém e aprender, com Maria, Mãe de Deus e nossa, que a vida nos é dada para seguirmos o itinerário de Jesus, aceitando, por amor, as situações humanas como a grande oportunidade de nos ajudarmos uns aos outros a caminho do "Céu novo e da Terra nova". Estaremos assim superando o egoísmo e construindo a tão desejada sociedade fraterna.
Aqui fica uma sugestão para neste Natal crescermos no amor solidário. As famílias e comunidades procurem colocar em seu presépio a criança pobre e abandonada. Assim, o próprio Cristo estará mais presente entre nós, inspirando-nos sentimentos e gestos de solidariedade em bem dos mais necessitados.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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