|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Por um Natal solidário
Nestas semanas, estamos preparando o Natal. Grupos de famílias e comunidades reúnem-se para
rezar com fé e acolher a vinda sempre
nova de Cristo, recebendo-o na pessoa
de cada irmão. Acolher Cristo significa aceitar os valores que Ele nos comunica: a confiança no Pai, a comunhão com a Santíssima Trindade, o
amor fraterno e universal, o perdão
aos inimigos, a solidariedade no sofrimento e a certeza da vida eterna.
É tempo, à luz da fé cristã, para
abrirmo-nos à transcendência da divindade de Jesus e ao mistério de nossa salvação.
No entanto a mensagem de paz, justiça e fraternidade que Jesus nos anuncia parece ainda desconhecida para o mundo, onde prevalece o individualismo, a discórdia, a injustiça e a violência. A desigualdade clamorosa entre ricos e pobres, o descaso pelos necessitados e o abandono dos idosos e
das crianças demonstram que falta
muito para as lições de Cristo penetrarem nos corações.
O Natal de Jesus é ocasião de compreendermos que o Filho de Deus veio
nos ensinar o amor solidário pelos irmãos e irmãs.
O amor de Jesus Cristo é solidário.
Ao entrar nesse mundo, quis em tudo,
menos no pecado, partilhar a nossa
condição, enfrentando o trabalho, o
cansaço, as incompreensões e a morte
violenta e injusta. Sofreu os efeitos da
inveja, do ódio e da perseguição. Não
quis privilégios. Tudo superou por
nosso amor, para nos redimir do pecado e do egoísmo,
A solidariedade de Cristo é a grande
lição do desígnio divino de salvação
do mundo. Ao contemplarmos o presépio de Belém, somos convidados a
fazer a mesma experiência de amor
gratuito e solidário. A mãe, no hospital, ao lado de sua filha que sofre, deseja sem dúvida a saúde e o bem da criança. Enquanto espera e se desvela,
dá o exemplo mais belo de amor, partilhando, minuto por minuto, o sofrimento da filha querida.
O amor gratuito dos pais aos filhos, a
paciência dos enfermos, a caridade
dos que a eles se dedicam, a generosidade e o sacrifício dos missionários
que propagam a concórdia e a paz, tudo isso é fruto do Natal de Jesus.
Entendemos melhor o sentido de
nossa existência terrena como dom
que Deus nos concede de vivermos a
solidariedade com as situações humanas mais diversas, assumindo -por
amor- tristezas e alegrias, no exercício da fraternidade cristã. O Natal nos
introduz na felicidade de dar a vida
pelos irmãos, partilhando com os outros as vicissitudes da existência e procurando a todo momento ajudar a fazer o bem. Assim, o Natal nos comunica a mística da vida fraterna, sem privilégios, imitando Cristo no mistério da salvação solidária.
Procuremos, nestes dias litúrgicos
do Advento, contemplar a cena da
gruta de Belém e aprender, com Maria, Mãe de Deus e nossa, que a vida
nos é dada para seguirmos o itinerário
de Jesus, aceitando, por amor, as situações humanas como a grande
oportunidade de nos ajudarmos uns
aos outros a caminho do "Céu novo e
da Terra nova". Estaremos assim superando o egoísmo e construindo a
tão desejada sociedade fraterna.
Aqui fica uma sugestão para neste
Natal crescermos no amor solidário.
As famílias e comunidades procurem
colocar em seu presépio a criança pobre e abandonada. Assim, o próprio
Cristo estará mais presente entre nós,
inspirando-nos sentimentos e gestos
de solidariedade em bem dos mais necessitados.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: José Paulo Próximo Texto: Frases Índice
|