São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2010

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CESAR MAIA

América Latina 2011

Em 2011, ocorrerão quatro importantes eleições presidenciais na América Latina: Peru, Guatemala, Argentina e Nicarágua.
A peruana será em abril. O Peru é o país da América Latina que apresenta os melhores indicadores macroeconômicos. A política econômica tem sido contínua. Não há reeleição. O presidente Alan Garcia apoiará o ex-prefeito de Lima, do Partido Solidariedade Nacional, Luis Castañeda, que abre como favorito.
O ex-presidente Alejandro Toledo, do Peru Possível, vem em seguida. Depois a filha de Fujimori, Keiko Fujimori, deputada mais votada na última eleição e candidata da Força 2011. Finalmente, o candidato chavista do Partido Nacionalista Peruano, Ollanta Humala, esvaziado nos últimos meses. A eleição tende a ser decidida entre Castañeda e Toledo, o que seria garantia de continuidade.
A eleição na Guatemala, também sem reeleição, será em setembro. O ponto central será a segurança pública (tráfico de drogas e de pessoas e as violentas gangues), que se vem agravando. O partido União Nacional da Esperança, do presidente Álvaro Colon, deve apresentar a esposa de Colon e somar forças de centro-esquerda. O popular prefeito da capital, Álvaro Arzu, do Partido Unionista, seria favorito. Mas a Constituição o impede, por já ter sido presidente. Seu partido busca um candidato fora dos partidos, um grande empresário, olhando exemplos do Panamá e do Chile. O quadro é indefinido.
A eleição argentina será em outubro. O peronismo, como sempre, dividido. De um lado a presidente Kirchner, candidata à reeleição substituindo seu esposo, que morreu. Sua força será a memória deste.
A oposição vai fragmentada. A União Cívica Radical, com o filho do ex-presidente Alfonsín, Ricardo. E vários candidatos das correntes peronistas. Macri, prefeito de Buenos Aires, corre por fora. A única certeza é o segundo turno. Se qualquer dos candidatos de oposição vencer, a Argentina estará se afastando da tentação chavista.
A mais importante eleição das quatro será na Nicarágua, em novembro. Depois de uma decisão espúria do STF, o presidente Daniel Ortega concorrerá à reeleição. O teto sandinista é de 40% dos votos, Se a oposição correr unida, ultrapassará esse limite. Se vier separada, mesmo que Ortega tenha os 35% de mínimo legal, vencerá, pois conseguirá uma vantagem de 10 pontos sobre o segundo lugar.
Esta é uma eleição fulcral, pois uma derrota de Ortega será também de Chávez e terá impacto em toda a América Central e na disputa venezuelana de 2012. Chávez depositará o que for necessário por Ortega. Um alerta aos democratas do continente.

CESAR MAIA escreve aos sábados nesta coluna.

cesar.maia@uol.com.br


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