São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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A "lady" de Ipanema

LUIZ CAVERSAN


Rio de Janeiro - Nem precisa mais ganhar o Oscar. A atriz Fernanda Montenegro -a mais nova unanimidade nacional, neste país tão carente de unanimidades- deu seu show particular para os americanos e já está de volta ao Brasil, onde foi recebida com aplausos e carinhos ainda no Aeroporto Internacional do Rio.
Nos EUA, segundo relato dos correspondentes, foi finalmente descoberta pela imprensa local. Além de reverenciada pelos jornais, esteve no prestigiado programa de entrevistas de David Letterman, da CBS, e foi lá que deu uma "canja" de seu talento.
Conquistou entrevistado e platéia logo de cara, quando Letterman perguntou de onde exatamente ela era. Fernanda respondeu. "Ipanema. I am the old lady from Ipanema". Ou seja: "Eu sou a velha dama de Ipanema", numa alusão bem-humorada e galhofeira à canção brasileira mais conhecida dos americanos, "Garota de Ipanema", de Tom e Vinícius.
Todos entenderam e riram muito, mas quem mais se divertiu foi a própria Fernanda Montenegro.
Aliás, a impressão que se tem é essa mesma: poucos conseguem ser tão naturais diante das câmeras ou do público, raros se divertem tanto com seus personagens e com as situações que eles vivem do que a bela atriz.
Seja um personagem profundamente dramático (alguém se lembra de seu desempenho em "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant", de Fassbinder?), seja num incompreensível diálogo como os do soberbo delírio de Gerald Thomas chamado "The Flash and Crash Days", ou ainda numa daquelas bobagens despretensiosas da novela das seis.
Não se sabe se por um dom natural ou por extremado profissionalismo, mas Fernanda é assim: espontânea, convincente, cativante. Num ensaio fotográfico genial e ainda inédito, ela posou como uma velha "punk". Convence tanto como se tivesse sido "punk" a vida toda...
Certamente também será assim caso seja chamada para receber aquela estatuetinha dourada, cafona e cobiçada. Seus olhos arregalados e lindos hão de revelar: ela estará se divertindo mais que todos nós.


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