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INTERNAÇÕES EM UTI
Faz sentido a idéia do governo
de estabelecer diretrizes para internações em unidades de terapia intensiva (UTIs). Esses leitos reservados para pacientes graves existem
em número finito e menor do que o
necessário. A expansão é necessária
e deve ser perseguida. Mas, mesmo
que não houvesse déficit de vagas,
seria bem-vinda uma seleção mais
cuidadosa dos pacientes que devem
seguir para uma UTI.
Não se trata aqui de escolher quem
vai morrer ou de interferência estatal
sobre destinos individuais, mas apenas de tentar disseminar o bom senso. Todos concordarão que um adolescente que tenha sofrido um acidente e tenha boas chances de recuperação deve ter prioridade num leito
de UTI. De modo análogo, pode-se
afirmar que a maioria considerará
cruel manter por todos os meios a vida de um paciente terminal de câncer
que padeça de dores excruciantes.
Grande parte do problema reside em
decidir sobre casos menos óbvios.
O Ministério da Saúde deve, sim,
propor critérios com base em evidências clínicas e estatísticas, mas
não deve esperar que as normas sejam aplicadas à risca. Cada caso é
único, e a decisão final só pode caber
ao médico, que é quem está em contato com o paciente e seus familiares.
As regras devem servir mais para
tentar promover entre profissionais
de saúde e a sociedade em geral uma
mudança de cultura, que valorize a
qualidade de vida. Isso se faz ao oferecer ao médico argumentos que
possam ser usados para justificar a
manutenção de certos pacientes graves no leito comum ou em casa.
Subjaz a essa questão das UTIs o
problema dos custos em medicina.
Argumentos financeiros não devem
ser decisivos, mas tampouco podem
ser ignorados. E novas tecnologias,
que são usadas intensivamente em
UTIs, são sempre muito caras. Trata-se de um remédio que precisa estar
ao alcance do maior número possível
de pacientes. E isso, num contexto
de carência de recursos, exige que seja utilizado com parcimônia.
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