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DEVASTAÇÃO INVISÍVEL
A pesquisa ambiental com satélites
deu nas últimas décadas um salto
considerável no Brasil, criando instrumento imprescindível para injetar
objetividade em tema tão preocupante e sujeito a mistificações quanto a
destruição da Amazônia. Desse campo de investigação parte agora novo
alerta: o sensoriamento remoto realizado pelos satélites só detecta uma
fração da devastação efetiva.
O assunto ganhou a capa da última
edição da revista "Nature", prestigiada publicação científica britânica.
Seis pesquisadores do Brasil e seis
dos Estados Unidos compararam estimativas de desmatamento por satélite com dados de campo obtidos em
1.393 das 2.533 madeireiras e serrarias da Amazônia (número que tende
a ampliar-se com a crescente cobiça
de empresas do Sudeste Asiático, cujo estoque de madeiras nobres se
aproxima do esgotamento).
Descobriu-se que os danos "invisíveis" causados pela atividade de extração seletiva, na qual boa parte da
floresta permanece de pé, alcançam
10 mil a 15 mil quilômetros quadrados anuais. Já a superfície em que toda a cobertura é retirada por corte raso e queimadas, devastação que pode
ser detectada por satélite, atingiu em
1998 quase 17 mil quilômetros quadrados. Ou seja, algo entre metade e
dois terços do dano total.
Na derrubada de árvores escolhidas, abrem-se picadas e clareiras que
aumentam a incidência do sol e contribuem para ressecar a floresta, que
se torna assim mais vulnerável a incêndios descontrolados. É mais um
fator a complicar a ação de órgãos de
fiscalização como o Ibama, já consideravelmente prejudicada por focos
de corrupção e pela mentalidade predatória na ocupação desordenada da
maior floresta equatorial do planeta.
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