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EXPANSÃO EM XEQUE
Em março, depois de claudicar
na virada do ano, a atividade
econômica se revigorou. É o que indica pesquisa, divulgada ontem pelo
IBGE, sobre o desempenho da produção industrial naquele mês.
Tendo atingido um "pico" em novembro, entre dezembro e fevereiro a
produção da indústria vinha arrefecendo, como demonstravam indicadores que buscam descontar a influência de fatores sazonais. Chamava a atenção, em especial, o mau desempenho na produção de bens essenciais (semi e não-duráveis), reflexo evidente da debilitação do poder
de compra dos trabalhadores.
Os dados de março indicaram que
os bens de capital e os bens de consumo duráveis continuaram a liderar
a recuperação da produção industrial. O resultado dos semi e não-duráveis, porém, foi novamente fraco.
Esse aspecto reitera a avaliação de
que a recuperação do emprego e do
poder de compra dos trabalhadores
ainda não foi suficiente para reanimar o consumo básico. Por isso o
aprofundamento da expansão da atividade econômica ainda demanda
novos estímulos: ela não tende a se
acelerar pelo mero desdobramento
de movimentos já em curso.
Pelo contrário: o recente agravamento do nervosismo do mercado financeiro -provocado pela expectativa de que os juros norte-americanos logo começarão a subir, tornando mais difícil a atração de capitais
externos- gerou alta expressiva dos
juros brasileiros no mercado futuro.
Isso aponta para a possibilidade de
encarecimento do crédito, o que enfraqueceria um dos vetores fundamentais para reanimar a produção.
Seria importante que o Banco Central levasse em conta esses aspectos
na reunião do próximo dia 19, quando definirá o nível da taxa básica de
juros (Selic) para as quatro semanas
subseqüentes. É certo que a alta recente do dólar representa um fator de
pressão sobre a inflação, mas que
não parece ter condições para colocar em risco a meta para 2004. Uma
nova redução da Selic talvez fosse
importante para impedir a deterioração das expectativas de crescimento.
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