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TRABALHO DE SÍSIFO
Segundo a lenda grega, Sísifo,
rei de Corinto, foi condenado
pelos deuses ao suplício de rolar permanentemente uma rocha até o alto
de uma montanha. Sempre que chegava ao cimo, a pedra despencava, o
que obrigava o condenado recomeçar tudo. Daí surgiu a expressão "trabalho de Sísifo" para definir faina esgotante e inútil que, nem bem terminada, tem de ser reiniciada.
O termo serve bem para definir a
tentativa da Prefeitura de São Paulo
de resolver o problema dos moradores de rua da cidade. Apesar de haver
pelo menos três programas oficiais
destinados a dar abrigos a esse contingente de cerca de 10 mil pessoas,
não se avança muito nessa questão.
Pelo cronograma inicial da prefeitura, anunciado em julho do ano passado, em um ano todos os moradores de rua deveriam ter sido encaminhados para novas moradias. O prazo vence no próximo mês. A meta
não será cumprida.
As realizações foram na verdade
bem mais modestas. No programa
destinado aos moradores de viaduto
(cerca de 1.200 pessoas), a prefeitura
havia conseguido desocupar 17 dos
44 viadutos habitados. Chegou a colocar grades sob as pontes para que
elas não voltassem a tornar-se moradias. Em pelo menos três dessas
áreas, os esforços foram em vão. Elas
foram reocupadas.
Houve, por certo, precipitação da
prefeitura ao anunciar metas que não
seria capaz de cumprir. Houve também uma piora nas condições sociais do país. Como no mito de Sísifo, a capacidade da cidade de gerar
pobreza, de levar pessoas a ter de viver sob os viadutos, parece superar a
capacidade da prefeitura de fornecer
aos cidadãos o mínimo para que
possam tentar reerguer-se.
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