São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Os sem-candidato

BRASÍLIA - Se João Sayad tocou no nome de Lula no debate de quarta-feira na Folha, eu, sinceramente, não ouvi. Mas, justiça se lhe faça, o secretário das Finanças da prefeitura petista de São Paulo também não falou no tucano José Serra, seu velho amigo e assíduo interlocutor.
Luiz Carlos Mendonça de Barros, que integrava o grupo "desenvolvimentista" liderado por Serra no governo (e que perdeu a parada para Malan e cia.), obviamente vota no tucano. Mas praticamente não falou no candidato, muito menos com entusiasmo. Limitou-se a uma breve referência à política industrial que Serra defende e ponto.
Mendonção, ao contrário, até cometeu um ato falho -se é que foi só ato falho mesmo. Lá pelas tantas, admitiu que "não está fácil" para Serra. E é por isso que todo mundo corre para tentar plantar idéias no "outro lado", ou seja, no PT.
Já Paulo Rabello de Castro é autor do plano econômico de governo que o PFL foi obrigado a engavetar por falta do essencial: candidato. O partido está cada vez mais inclinado para Ciro Gomes, mas o economista carioca, em vez de defendê-lo, criticou-o.
Na pág. A7 da Folha de ontem, Ciro anuncia que o PFL não só vai participar de seu eventual governo como vai influenciar no programa. Logo adiante, na pág. A13, a reportagem do debate mostra o principal economista ligado ao partido criticando duramente as idéias de Ciro.
Para Rabello de Castro, a proposta de "alongamento" da dívida interna feita por Ciro beira o desvario: "Pelo amor de Deus, este não é um país que precisa ser afrontado com frases vagas sobre a dívida interna!". No íntimo, ele e Sayad acham que Ciro está propondo mesmo é o calote do Collor.
Agora, você conclui: Sayad vai votar em Lula? Mendonção está animado com Serra? E o que Rabello de Castro anda pensando da célere aproximação do PFL com Ciro?
Mais uma provocação: apesar de diferentes, em quem, no fundo, no fundo, gostando ou não, você acha que os três vão acabar votando?


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