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São Paulo, sábado, 12 de julho de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Cuba
"Tilden Santiago, o embaixador do Brasil em Cuba, em sua declaração ("Embaixador brasileiro justifica execuções em Cuba", Brasil, 11/7), defendeu -diferentemente do que se passou nos últimos 50 anos de diplomacia brasileira- a brutal execução dos três dissidentes cubanos que foram condenados à morte em um julgamento de algumas horas num tribunal que não decide independentemente -pois recebe as decisões do ditador. Disseram os diplomatas cubanos na época: "Tiveram um julgamento justo, com ampla defesa e apelações". Como não bastasse essa defesa equivocada feita pelo senhor Santiago, ele ainda fez ameaças, dizendo que, se quiserem desestabilizar o governo Lula, a mesma coisa poderá ser feita aqui. É nisso que dá fazer nomeações políticas de embaixadores."
Rafael Oliveira Costa (Maringá, PR)

Saúde de ponta
"No artigo "O dilema do gestor do sistema de saúde" ("Tendências/Debates", 10/ 7), questiona-se a aplicação de recursos públicos no pagamento de procedimentos de medicina de ponta a pacientes do SUS. Cita-se como argumento o seu elevado custo e a pequena parcela da população que deles se beneficia. Em síntese, baseia seu "rationale" no principio filosófico de que "a utilidade de um ato pode ser medida da sua moralidade. O que fosse mais útil para o maior número de pessoas (...) deveria ser eleito como a ação mais justa". Mas cabe ressaltar que o exercício da medicina de ponta se constitui em importante e insubstituível fator de progresso e de aprimoramento da assistência médica em geral. Assim, não exercê-la prejudicaria não só os que dela necessitam mas também a sociedade como um todo, contrariando o principio filosófico citado. Por outro lado, repetidas experiências em nosso meio mostram ser impossível circunscrever a medicina de ponta aos hospitais universitários e aos centros de pesquisa. Inevitavelmente ela passa a ser exercida também nos hospitais privados. Aceitando a necessidade de nela investir, maior erro seria não estender seus benefícios a todos, tanto aos mais quanto aos menos favorecidos economicamente. A solução para a assistência médica do país não é negar aos pacientes do SUS o acesso aos procedimentos de ponta, mas, sim, continuar aumentando as dotações orçamentarias para o setor, aplicando-as com visão de grande-angular e de longo alcance."
Silvano Raia, professor emérito da Faculdade de Medicina da USP e membro da Academia Nacional de Medicina (São Paulo, SP)

1932 e parada gay
"O leitor Pedro Paulo Penna Trindade reclamou a presença da prefeita de São Paulo nas comemorações de 9 de julho -e é difícil discordar dele nesse ponto. Infelizmente, ele enfraquece o seu argumento quando usa a parada gay como comparação, acusando-a de ser anárquico e insinuando não ser ela merecedora da presença da prefeita. Creio que o senhor Trindade não tenha ido à parada, pois eu lá estive e testemunhei não só alegria e descontração mas também uma espetacular organização. Quando foi que 800 mil pessoas desfilaram nesse clima de respeito e civilidade? A Polícia Militar afirmou: nenhum incidente! Os jovens de hoje não têm como parâmetro moral os anarquistas da parada gay, mas antes os tivessem. A parada é um clamor à mesma liberdade e respeito pela igualdade entre os cidadãos que a Revolução de 32 quis defender. O senhor Trindade perdeu a chance de defender a sua causa sem desprezar a alheia."
Carlos Wiik da Costa (Campinas, SP)

Olimpíada
"Concordo totalmente com o senhor Eduardo Martinelli Galvão de Queiroz ("Painel do Leitor", 8/7), que especulou: "Quem sabe, um dia nossos filhos vão ouvir falar de Curitiba, de Florianópolis, de Vitória, de Fortaleza, de São Paulo, de Manaus, de Belo Horizonte etc. como concorrentes à sede dos Jogos Olímpicos". Senhor Queiroz, peço sua licença para ampliar, por minha conta e risco, sua especulação: "Quando é que vão parar de retratar o Rio de Janeiro como a imagem do Brasil?". Ou pior: "Quando irão parar de mostrar o carioca como o símbolo do brasileiro?"."
Luiz Aldo Cordeiro Leite Filho (João Pessoa, PB)

Consumidores
"Muito boa a proposta de Laércio Zanini ("Painel do Leitor", 11/7) de criar uma Associação Nacional de Consumidores. Mas os consumidores podemos fazer já algo muito positivo. Há alguns dias, encontrei na gôndola do supermercado um detergente que custava a metade do preço daquele que eu costumava comprar. Comprei-o e, em casa, não notaram a diferença. Disseram-me que era "a mesma coisa". Comprei também uma cera de custo intermediário em troca da líder de mercado e o comentário em minha casa foi: "Nunca mais traga aquela cera anterior porque irá direto para o lixo". Passei então a substituir as marcas famosas pelas honestas, com brutal economia e mais qualidade. Se todos fizermos isso, levaremos as marcas famosas para o rol das honestas e daremos uma paulada na inflação, coisa que o governo só consegue fazer escorchando-nos com juros e impostos."
Manuel Amaro (São Paulo, SP)

Aplicação dos pequenos
"O caderno Dinheiro de 7/7 ("Aplicações têm pior 1º semestre desde 95') mostra com clareza que o aplicador em caderneta de poupança está perdendo dinheiro em vez de poupá-lo ("Poupança fica negativa em 1,89%", diz o sobretítulo da reportagem). Considerada um investimento para o pequeno aplicador ou para aquele que é avesso a qualquer risco, sua fórmula de cálculo -que utiliza um "redutor da TR'- está completamente defasada dos fatos e esquecida pela mídia especializada e pelos agentes econômicos. Não está na hora de questionar fortemente o Banco Central por desprezar a poupança a esse ponto? Será que isso ocorre porque essa é a aplicação dos pequenos?"
Radoico Câmara Guimarães (São Paulo, SP)

Arouche
"Em relação à carta do arquiteto Mauro Friedhofer ("Painel do Leitor", 9/7), cumpre esclarecer alguns pontos. O projeto do Telecentro Arouche foi amplamente discutido com os agentes interessados. O resultado desse processo pode ser reconstituído no projeto finalmente aprovado pelos órgãos municipais competentes (DPH, Conpresp etc.). Todas as restrições relativas à legislação que regula o patrimônio histórico foram atendidas. Em reuniões abertas realizadas nas proximidades do largo do Arouche, a população organizada manifestou-se de forma amplamente favorável ao projeto proposto. Aprovou o projeto o próprio arquiteto Mauro Friedhofer, em nome da associação que representa. A mudança de posição deve ser entendida em outra chave, que não faz parte das preocupações deste pequeno esclarecimento. O artigo de Guilherme Wisnik (Ilustrada, 6/7) repõe, com grande acerto, o debate nos termos do interesse coletivo: os novos mecanismos de inclusão social, combinados a novas formas de intervenção urbana -para além das grandes ações no centro que não se destinam aos seus verdadeiros usuários e moradores. A democratização do centro de São Paulo é a única alternativa progressista para a sua chamada revitalização. Contra ela insurgem-se os que pretendem mantê-lo como extensão privada de suas residências ou de seus negócios, saudosos de sua exclusividade."
Luiz Recaman, arquiteto, professor-doutor da USP e Leandro Medrano, arquiteto urbanista, professor-doutor da Unicamp, autores do projeto de reurbanização do Arouche (São Paulo, SP)


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