|
Próximo Texto | Índice
BAIXAR OS JUROS
As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendando que se evite o juro cobrado pelas administradoras de cartões de crédito o aproximaram de
seu vice-presidente, José Alencar,
que se tem notabilizado pela maneira histriônica com que ataca as taxas
praticadas no mercado. Por mais
simplistas e estabanadas que possam ser essas manifestações, é inegável que elas refletem uma situação
real: os juros e os "spreads" cobrados pelas instituições financeiras no
Brasil são extremamente altos.
Antes de mais nada, é preciso sublinhar que o setor público, tendo à
frente o governo federal, é o principal
responsável por esse cenário. A política monetária dos últimos anos tem
propiciado ganhos expressivos às
instituições financeiras, que já passaram a ver também no presidente Lula
uma espécie de benemérito do setor.
Não obstante, notam-se algumas
tentativas de estimular os bancos a
reduzir suas taxas. Entre elas está o
recém-lançado cadastro de bons pagadores do Banco Central, que veio
se unir aos empréstimos com garantia em folha salarial e às medidas na
área de microcrédito e financiamento imobiliário. A aprovação da nova
Lei de Falências é mais um passo que
supera um obstáculo sempre lembrado pelo sistema financeiro. Também as cooperativas de crédito, mencionadas pelo presidente, não deixam de ser uma alternativa para alguns segmentos.
É preciso, porém, avançar. Um aspecto que parece fundamental é aumentar a competitividade entre os
bancos. Quanto a isso, além do papel que pode ser desempenhado pelas instituições financeiras públicas
na oferta de taxas mais condizentes,
pode-se revelar positiva a proposta
de submeter ao Cade, órgão encarregado de zelar pela concorrência, o
julgamento de questões relativas à
concentração do setor, hoje acompanhadas pelo Banco Central.
Não há uma solução única e mágica para o problema. Os sinais, no entanto, são de que a sociedade impacienta-se com a permanência dos juros e "spreads" nos níveis atuais. É
preciso que o sistema financeiro
cumpra sua função de fornecer crédito a taxas razoáveis para o investimento produtivo e o consumidor.
Próximo Texto: Editoriais: COLCHA DE RETALHOS Índice
|