São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Palmadas
"Causou-me inquietação a reportagem sobre a utilização de castigos físicos na educação das crianças ("Campanha busca abolir palmada "pedagógica", Cotidiano, 11/7). É triste constatar que muitos pais ainda acreditam que a imposição de castigo físico seja condição para preservar a autoridade e que a obediência valha a humilhação das crianças ("Eu dou palmadas. Acho que é um jeito de fazer a criança se sentir humilhada, ficar triste e pensar no que fez", disse uma entrevistada). Piores foram as contribuições dos "especialistas". A psicóloga Vilma Cristina Gomes de Andrade sugere a ritualização do castigo corporal ao estabelecer o local indicado para aplicá-lo: o banheiro. E ainda por uma razão bizarra: "É o lugar onde você deixa as coisas ruins do seu corpo, onde joga fora o que não quer". Fezes e urina não são maus, são produtos inerentes ao correto funcionamento do corpo. É quase uma perversão associar o banheiro ao local da punição. Lamento também a ausência nessa conversa de Roseli Sayão, psicóloga "da casa", e da doutora Zilda Arns, profissional incansável no cuidado das nossas crianças."
Rita Gonçalves (São Paulo, SP)

Homossexualismo
"Não sei o que me mais me chocou nessa discussão sobre homossexualismo: se o artigo de um líder da Igreja Católica que prega a discriminação ao comportamento de pessoas que assumem sua sexualidade ("Sobre o homossexualismo", 5/7), ou se a carta da professora Sonia de Oliveira (6/7), que corrobora tal artigo. Sou professor, homossexual assumido e, francamente, não consigo entender por que o ataque à homossexualidade significa defesa ao "casamento, à família e aos heterossexuais". Será que representamos uma ameaça maior do que o preconceito que exala dessas palavras?"
Mauro Dunder ( São Paulo, SP)

Atraso?
"Acabei de ler a simpática cartinha do senhor Orlando Veuillot ("Soberania", "Painel do Leitor, 10/7). É evidente que o senhor Orlando tem uma opinião formada, e temos de respeitá-la. Mas ele não deixou claro a que se referia quando disse que a Argentina é um "país atrasado". Gostaria que o senhor Orlando me informasse sobre isso."
Mario Márquez (São Paulo, SP)

Dia Pró-Patuléia
"Segundo o "Painel" (Brasil, pág. A4) de ontem, a Câmara dos Deputados propõe a criação do "Dia Sem Tabaco na Casa". Que tal se criassem -com a aprovação, é claro, do detentor da marca, Elio Gaspari- também o "Dia Pró-Patuléia'? Um dia inteiro para legislar em causas de interesse público, em vez de fazê-lo em benefício próprio. Algo totalmente inusitado, inovador. Afinal, seria só um dia por ano. E sem jeton!"
Clóvis Céspedes Granados (São Bernardo do Campo, SP)

"Pra boi dormir"
"Lula não entende por que pagamos altos juros nos cartões. Sugere cooperativas de crédito. Não acredito que ele desconheça a tortura que é abrir uma cooperativa ou uma empresa. Somos o país da burocracia, que breca o empreendedor, estimula a informalidade e a corrupção, desequilibra a Previdência, aumenta o déficit público... Afinal, quando iremos desburocratizar o país e torná-lo eficiente e prático? Nenhuma medida desse governo vai nessa direção. Sem isso, me desculpem, tudo é conversa "pra boi dormir'!"
Cibele Dias (São Paulo, SP)

Saresp
"Sobre a reportagem "Auto-avaliação mediu qualidade de escola" (Cotidiano, 5/7), esclareço alguns fatos distorcidos pela repórter. 1. Em todas as edições do Saresp, as avaliações sempre foram corrigidas por professores. Neste ano não foi diferente, como levou a crer a reportagem. Entretanto professores corrigem provas de outros alunos e jamais houve nenhuma orientação para que a correção deixasse de ser rigorosa. 2. Título de texto na mesma página diz: "Secretaria afirma que irá investigar possíveis fraudes". É uma inverdade. Jamais disse isso. Confiamos na competência e no profissionalismo dos nossos educadores. 3. A avaliação positiva dos alunos também foi mostrada na prova objetiva corrigida por computadores. Tudo isso sob responsabilidade da Fundação Carlos Chagas, cuja credibilidade e excelência são irrefutáveis. 4. O Saresp não é parâmetro para pagamento do bônus aos profissionais da educação, como leva a crer o texto. 5. O Saeb -Sistema de Avaliação do Ensino Básico- 2003, realizado pelo Ministério da Educação em todo o país, ao contrário do que diz a reportagem, também mostra uma significativa evolução no aprendizado das escolas estaduais de São Paulo. Dois exemplos: em língua portuguesa, houve um crescimento de 9,7 pontos na 4ª série; em matemática, o crescimento foi de 8,7 pontos na 8ª série do Ensino fundamental. 6. Um dado profundamente relevante e que foi desconsiderado pela reportagem é a taxa de evasão de 1ª a 4ª série (revelada pelo Saeb): 1%, a mais baixa da história."
Sonia Maria Silva, coordenadora da Cenp -Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (São Paulo, SP)

Resposta da repórter Cláudia Collucci
- Conforme entrevista gravada, dada pela própria Sonia Maria Silva, é a primeira vez que os professores corrigem as provas das escolas em que trabalham. Antes havia um rodízio. Na mesma entrevista, a coordenadora diz que orientou uma equipe a checar os resultados das avaliações. A reportagem não afirmou que o resultado do Saresp influi no pagamento de bônus.

Marketing e eleições
"Esclarecimentos e correções necessárias à reportagem "Badalados, marqueteiros dão tom à disputa" (Brasil, 11/7). 1. As campanhas de Rafael Greca (92), de Jaime Lerner (94 e 98) e de Cássio Taniguchi (96 e 2000) foram feitas pela GW -empresa da qual sou acionista- mas não tive qualquer participação nelas: foram conduzidas por outro sócio da empresa, Francisco Pinheiro. 2. O deputado Wilson Moreira (PSDB) não ganhou a eleição para prefeito de Londrina em 1992. Foi ao segundo turno e perdeu. 3. Não coordenei a campanha presidencial de Ulysses Guimarães (1989). Coordenei apenas o programa de TV. E apenas até a metade da campanha, quando saí, em episódio relatado pela Folha à época. 4. Nas campanhas de Covas (94 e 98), o coordenador de comunicação foi o jornalista Osvaldo Martins. Fui um subcoordenador, e a GW fez a propaganda em TV. 5. Apontado pela reportagem da Folha como "principal marqueteiro", recuso a posição: nas mais de 30 campanhas majoritárias que a nossa empresa realizou, o trabalho não é autoral. Ao contrário, é fruto de esforço coletivo. Nas campanhas vitoriosas de São Paulo, o "mesão" de criação da comunicação foi, ao longo do tempo, composto pelos sócios da GW, os jornalistas Woile Guimarães, Danilo Palasio, Marcelo Vaz e José Maria Santana."
Luiz González (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Chico de Gois -
Luiz González é sócio da GW, que trabalhou nas campanhas de Rafael Greca (92), Jaime Lerner (94 e 98) e Cássio Taniguchi (96 e 2000). O texto não diz que ele coordenou a campanha de Ulysses Guimarães para presidente, em 1989, mas informa que ele trabalhou na campanha. O mesmo se diz sobre Mario Covas. O texto afirma que "entre as campanhas tucanas que realizou, estão a de Mário Covas", sem detalhar se era o coordenador. Sobre Wilson Moreira, leia a seção "Erramos".


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