São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2010

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Editoriais

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Santos e Chávez

Tanto Juan Manuel Santos, o novo presidente da Colômbia, quanto seu colega venezuelano, Hugo Chávez, tinham algo a ganhar no encontro em que, anteontem, buscaram mitigar a tensão diplomática entre os dois países.
Pouco antes de deixar o poder, o então presidente Álvaro Uribe havia acusado o governo chavista de abrigar integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em seu território. Em resposta, o presidente da Venezuela, numa ruidosa manobra para desviar as atenções da denúncia, cortou relações diplomáticas com o vizinho.
Era previsível que, com a posse de Santos, um acordo acontecesse. Alongar o conflito não seria interessante para ninguém. Chávez também tem razões eleitorais para buscar uma relação mais amistosa com a Colômbia. Será renovada, em setembro, a Assembleia Legislativa venezuelana. Como já ocorreu em outras ocasiões, a adoção de uma atitude menos radical por parte do líder bolivariano pode ser útil para atrair eleitores de centro.
Também Santos busca se diferenciar de Uribe, mostrar-se mais moderado e ampliar a base de apoio a seu governo. Logo nos primeiros dias, reuniu-se com Chávez, encontrou-se com integrantes da Corte Constitucional (que com frequência entrava em choque com o ex-presidente) e fez acenos à oposição.
De prático, a anunciada distensão entre os dois países gerou uma comissão para discutir a presença de guerrilheiros em solo venezuelano. Há um exemplo de sucesso nesse tipo de negociação. Em 2008, o Equador rompeu relações com a Colômbia após o bombardeio a um acampamento das Farc em seu território. O processo de normalização de relações levou a uma crescente cooperação militar e de inteligência, que limitou a presença de narcoguerrilheiros na fronteira entre os dois países.
Seria um avanço se um movimento análogo ocorresse entre Bogotá e Caracas.


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