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Editoriais
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Santos e Chávez
Tanto Juan Manuel Santos, o
novo presidente da Colômbia,
quanto seu colega venezuelano,
Hugo Chávez, tinham algo a ganhar no encontro em que, anteontem, buscaram mitigar a tensão
diplomática entre os dois países.
Pouco antes de deixar o poder,
o então presidente Álvaro Uribe
havia acusado o governo chavista
de abrigar integrantes das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia) em seu território.
Em resposta, o presidente da Venezuela, numa ruidosa manobra
para desviar as atenções da denúncia, cortou relações diplomáticas com o vizinho.
Era previsível que, com a posse
de Santos, um acordo acontecesse. Alongar o conflito não seria interessante para ninguém. Chávez
também tem razões eleitorais para
buscar uma relação mais amistosa
com a Colômbia. Será renovada,
em setembro, a Assembleia Legislativa venezuelana. Como já ocorreu em outras ocasiões, a adoção
de uma atitude menos radical por
parte do líder bolivariano pode ser
útil para atrair eleitores de centro.
Também Santos busca se diferenciar de Uribe, mostrar-se mais
moderado e ampliar a base de
apoio a seu governo. Logo nos primeiros dias, reuniu-se com Chávez, encontrou-se com integrantes da Corte Constitucional (que
com frequência entrava em choque com o ex-presidente) e fez
acenos à oposição.
De prático, a anunciada distensão entre os dois países gerou uma
comissão para discutir a presença
de guerrilheiros em solo venezuelano. Há um exemplo de sucesso
nesse tipo de negociação. Em
2008, o Equador rompeu relações
com a Colômbia após o bombardeio a um acampamento das Farc
em seu território. O processo de
normalização de relações levou a
uma crescente cooperação militar
e de inteligência, que limitou a
presença de narcoguerrilheiros na
fronteira entre os dois países.
Seria um avanço se um movimento análogo ocorresse entre
Bogotá e Caracas.
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