|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Lula sem FHC
BRASÍLIA - "Além de ser o criador
de tudo o que havia de bom, ele [Lula] aparece como o salvador de tudo
o que havia de ruim", disse Cristovam Buarque à Folha, ironizando o
enorme talento de Lula para transformar suas versões em verdades.
O Bolsa-Escola foi uma herança
boa? Então, mudou o nome e foi
Lula quem inventou. E havia turbulências na economia, por conta
do cenário externo, da excessiva
dependência brasileira e até do temor da eleição do próprio Lula?
Então, foi Lula quem salvou o país
-com a mesma política econômica.
É como se houvesse um Brasil
antes de Lula e outro depois de Lula. Antes, a terra arrasada. Depois, a
maravilha das maravilhas.
Engenheiro, economista, professor, ex-reitor da UnB, ex-governador do DF, ex-ministro e senador
por mais quatro anos, Cristovam é
candidato a presidente pelo PDT.
Tem 1% nas pesquisas, mas insiste
na sua cruzada.
Demitido por Lula do MEC, e por
telefone, ele agora não tem papas
na língua. Diz que Lula "usurpou" o
Bolsa-Escola (idéia que Cristovam
registrou em livro na UnB e implantou depois no DF), como
"usurpou a política econômica de
FHC e a ética de Collor".
Mais: segundo Cristovam, Lula
se arroga a responsabilidade pela
auto-suficiência do petróleo, um
trabalho de meio século e de incontáveis governos. Depois, ironiza:
qualquer dia desses, o Lula vai se
passar por "pai do Real" -plano,
aliás, que o atual presidente condenou publicamente quando lançado
por FHC no governo Itamar.
Se Lula for reeleito, como indicam as pesquisas, não haverá mais
a "herança bendita", como é hoje o
petróleo, muito menos a "herança
maldita", como é tudo o que veio de
FHC. Ele vai ter que arranjar outra
desculpa para erros, atrasos e maus
resultados -como os do PIB. Será
Lula com Lula. E haja lábia.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Troca de motosserra Próximo Texto: Rio de Janeiro - Plínio Fraga: Todos os livros dos presidentes Índice
|