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SERGIO COSTA
Marinha na Maré
RIO DE JANEIRO - A tropa está
nas ruas. Ou melhor, nas favelas. Ou
ainda, nas favelas planas da cidade.
Não havia nenhum morro -com
suas naturais dificuldades topográficas- nas comunidades escolhidas
para a ação inicial das Forças Armadas no Rio ontem.
Os fuzileiros navais, talvez por
questão de afinidade, foram patrulhar o Complexo da Maré. Os militares do Exército começaram por
redutos de milícias (Rio das Pedras,
Gardênia Azul) e do tráfico, no conjunto habitacional Cidade de Deus.
Essas áreas faziam parte do mapeamento que apontou os chamados
"currais eleitorais" no Rio.
Por enquanto, corre tudo de
acordo com a cartilha de operações
anteriores. Na hora marcada, soldados chegam e tanques se posicionam nas entradas das favelas. A imprensa acompanha a tudo atenta, os
moradores, desconfiados, e os militares, desajeitados na função.
Não houve confrontos até a conclusão desta coluna. Apenas estranhamento. Candidatos, aparentemente, não se interessaram em fazer campanha nas comunidades
ocupadas. Ao menos não diretamente para os eleitores colocados
sob a mira de novos blindados e
mais fuzis. O efeito político, avaliam, pode ser perverso. Mas, longe
das comunidades, também pode ser
positivo de forma colateral.
Como previsto, o governador
Sérgio Cabral, comandante das forças de segurança do Estado, aplaudiu a movimentação midiática das
Forças Armadas chefiadas por Lula.
Disse que seria ótimo se ação militar continuasse além das eleições.
Cabral é sempre entusiasta.
Até aqui, tudo muito bem, tudo
muito bom, tudo muito fotogênico.
Agora, se houver uma encrenca
qualquer, tipo a dos rapazes do
morro da Providência que acabaram mortos, quem será que vai aparecer para dar explicações nesta reta final de campanha?
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