São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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SERGIO COSTA

Marinha na Maré

RIO DE JANEIRO - A tropa está nas ruas. Ou melhor, nas favelas. Ou ainda, nas favelas planas da cidade.
Não havia nenhum morro -com suas naturais dificuldades topográficas- nas comunidades escolhidas para a ação inicial das Forças Armadas no Rio ontem.
Os fuzileiros navais, talvez por questão de afinidade, foram patrulhar o Complexo da Maré. Os militares do Exército começaram por redutos de milícias (Rio das Pedras, Gardênia Azul) e do tráfico, no conjunto habitacional Cidade de Deus.
Essas áreas faziam parte do mapeamento que apontou os chamados "currais eleitorais" no Rio.
Por enquanto, corre tudo de acordo com a cartilha de operações anteriores. Na hora marcada, soldados chegam e tanques se posicionam nas entradas das favelas. A imprensa acompanha a tudo atenta, os moradores, desconfiados, e os militares, desajeitados na função.
Não houve confrontos até a conclusão desta coluna. Apenas estranhamento. Candidatos, aparentemente, não se interessaram em fazer campanha nas comunidades ocupadas. Ao menos não diretamente para os eleitores colocados sob a mira de novos blindados e mais fuzis. O efeito político, avaliam, pode ser perverso. Mas, longe das comunidades, também pode ser positivo de forma colateral.
Como previsto, o governador Sérgio Cabral, comandante das forças de segurança do Estado, aplaudiu a movimentação midiática das Forças Armadas chefiadas por Lula. Disse que seria ótimo se ação militar continuasse além das eleições. Cabral é sempre entusiasta.
Até aqui, tudo muito bem, tudo muito bom, tudo muito fotogênico. Agora, se houver uma encrenca qualquer, tipo a dos rapazes do morro da Providência que acabaram mortos, quem será que vai aparecer para dar explicações nesta reta final de campanha?


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