São Paulo, sábado, 12 de setembro de 2009

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Editoriais

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Coleção de erros

O ACASO nada teve a ver com a trágica morte da jovem Ana Cristina Macedo, 17, atingida no último dia 31 pelo tiro, agora confirmado, de um guarda civil na favela de Heliópolis, na capital paulista. O que a vitimou foi uma lamentável coleção de erros de servidores que deveriam proteger a população.
Os três guardas envolvidos, oriundos de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, invadiram Heliópolis -fora de sua jurisdição- de arma em punho e dedo no gatilho. Já na capital, efetuaram naquela noite no mínimo dez disparos, em meio a uma perseguição motorizada a suspeitos de roubo.
Em depoimento, afirmaram ter atirado contra os bandidos. O descuido com as consequências dessa atitude parece claro, pois Ana Cristina estava a cerca de 30 metros do epicentro do tiroteio. Estima-se em até 125 mil pessoas -contingente superior à população de 95% dos municípios brasileiros- o total de moradores da favela, espremida num terreno de 1 km2.
O autor do tiro fatal deverá enfrentar em liberdade a acusação de homicídio culposo. Outro de seus colegas já estava sujeito a sanção apenas por vestir farda. Havia sido expulso da Polícia Militar em 1997. É espantoso que um profissional com esse histórico tenha sido novamente contratado para um posto na segurança pública.
Todos os três homens envolvidos na tragédia de Heliópolis poderão ser expulsos da guarda -a investigação continua em curso.
Os erros em cadeia do episódio aludem a deficiências que não se restringem ao destacamento municipal de São Caetano. O próprio modelo das guardas civis permite a prefeituras distintas organizar suas forças em meio a limites difusos, que criam zonas cinzentas de atuação.
O mais importante, contudo, é reforçar o treinamento dos policiais, em todo o país, sobre o uso responsável de suas armas.


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