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Editoriais
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Coleção de erros
O ACASO nada teve a ver com
a trágica morte da jovem
Ana Cristina Macedo, 17,
atingida no último dia 31 pelo tiro, agora confirmado, de um
guarda civil na favela de Heliópolis, na capital paulista. O que a vitimou foi uma lamentável coleção de erros de servidores que
deveriam proteger a população.
Os três guardas envolvidos,
oriundos de São Caetano do Sul,
na Grande São Paulo, invadiram
Heliópolis -fora de sua jurisdição- de arma em punho e dedo
no gatilho. Já na capital, efetuaram naquela noite no mínimo
dez disparos, em meio a uma
perseguição motorizada a suspeitos de roubo.
Em depoimento, afirmaram
ter atirado contra os bandidos. O
descuido com as consequências
dessa atitude parece claro, pois
Ana Cristina estava a cerca de 30
metros do epicentro do tiroteio.
Estima-se em até 125 mil pessoas -contingente superior à
população de 95% dos municípios brasileiros- o total de moradores da favela, espremida
num terreno de 1 km2.
O autor do tiro fatal deverá enfrentar em liberdade a acusação
de homicídio culposo. Outro de
seus colegas já estava sujeito a
sanção apenas por vestir farda.
Havia sido expulso da Polícia
Militar em 1997. É espantoso
que um profissional com esse
histórico tenha sido novamente
contratado para um posto na segurança pública.
Todos os três homens envolvidos na tragédia de Heliópolis poderão ser expulsos da guarda -a
investigação continua em curso.
Os erros em cadeia do episódio
aludem a deficiências que não se
restringem ao destacamento
municipal de São Caetano. O
próprio modelo das guardas civis
permite a prefeituras distintas
organizar suas forças em meio a
limites difusos, que criam zonas
cinzentas de atuação.
O mais importante, contudo, é
reforçar o treinamento dos policiais, em todo o país, sobre o uso
responsável de suas armas.
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