São Paulo, terça-feira, 12 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Capitalismo
"Não é possível concordar com a análise de Fernando Rodrigues em seu artigo de ontem ("O anticapitalismo de Lula", Opinião, pág. A2). Não acho que o presidente tenha errado ao enviar a mensagem de redução de impostos para microempresas com faturamento de até R$ 3 mil. Assim como o caso hipotético descrito por Fernando pode ocorrer, eu também poderia citar cem casos de pessoas sérias, honestas, trabalhadoras e higiênicas que faturam menos de R$ 3 mil por mês e que são remetidas à informalidade pela escorchante carga de impostos que existe no Brasil. Na minha opinião, desta vez o presidente Lula acertou." Décio Luiz Gazzoni (Londrina, PR)

Senado
"Entendo que o senhor José Sarney faça parte do quadro da Folha pelo fato de ser presidente do Senado e ex-presidente da República. Como tal, deveria o senhor Sarney, em sua coluna às sextas-feiras, prestar contas aos contribuintes sobre, por exemplo, o porquê de o "esforço concentrado" da Casa que ele preside não ter acontecido. Nas últimas 15 ou 20 semanas, o senador escreveu rara e minimamente sobre questões do país e chegou ao acinte de falar sobre o Parlamento inglês e seu problema com a caça à raposa." José Newton de Souza Mendonça (Belo Horizonte, MG)

Apoena Meireles
"Conheci o indigenista Apoena Meireles ainda na infância, por conta da amizade dos nossos pais, ambos sertanistas do antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI), hoje Funai. Era comum Zé Apoena passar longas temporadas em minha casa, nas ocasiões em que seu pai, Chico Meireles, então viúvo, tinha de "espalhar" os três filhos (Apoena, Iná e Lídice) pela casa de parentes e amigos para poder se embrenhar em longas expedições pelos sertões brasileiros. Hoje, ao receber a notícia da morte de Apoena, não posso acreditar na simplória versão apresentada para seu assassinato. Apoena, um defensor intransigente dos direitos indígenas, acumulou inimigos poderosos, principalmente entre extrativistas, que, em pleno século 21, ainda acreditam que os índios "só servem para atravancar o progresso"." Júlio Ferreira (Recife, PE)

Mundo editorial
"Discordo totalmente do que disse Regina Oliveira em sua carta publicada no "Painel do Leitor" em 5/10. Achei o artigo "Cultura para quem precisa" ("Tendências/Debates", pág. A3, 4/10) pretensioso e panfletário. Sou livreira há 17 anos e penso que seja natural que se dê exposição privilegiada aos livros que vendem mais. O que há de errado nisso? Além do mais, o artigo convoca a união de autores, editores e livreiros num texto que começa citando Marx e termina com referência a Gramsci. Ivana Jinkings supõe que sejamos todos comunistas?" Heloisa Peres (Rio de Janeiro, RJ)

Tabuleiro viciado
"Jacques Benveniste, o imunologista francês que, entre outras contribuições, ousou buscar as explicações necessárias para construir um estatuto mais científico para a homeopatia, morreu no dia 2 de outubro em Paris, aos 69 anos -como informou nota na Folha no dia 4. O que mais chamou a atenção foi a ênfase na idéia de que ele se tornou piada entre os cientistas pelas falhas metodológicas -depois admitidas- em seu célebre trabalho sobre a memória da água, publicado na revista "Nature" em 1988. Teria morrido "convicto" de seus pretensos "devaneios". O que não se divulgou é que suas teorias sobre a ação biológica das doses infinitesimais vêm sendo resgatadas em importantes laboratórios e centro de pesquisa europeus como uma valiosa contribuição à nanotecnologia e ao comportamento da água. Benveniste ingressa no rol dos que alimentaram o saber com o progresso de esclarecimentos ainda que o custo tenha sido sua própria reputação. Todo desafio à ciência estabelecida gera recusa e repulsa num primeiro momento. Somente o futuro, sempre mais indulgente e reparador, reserva um julgamento menos preconceituoso aos que ousam lançar dados de incerteza no tabuleiro viciado das convicções." Paulo Rosenbaum, médico, mestre em medicina preventiva pela Faculdade de Medicina da USP (São Paulo, SP)

Déficit
"Lamentavelmente tenho de concordar com Eduardo Portella ("Déficit político", "Tendências/Debates", 10/10). Fui candidato a vereador e, pela primeira vez, pude verificar o "lodo vivo" -a boa educação do ex-ministro poupou-o de usar palavra chula. Nunca vi tanta gente sem escrúpulos ludibriar tanta gente miserável. Nunca vi tanta venalidade e miséria moral e material. A política nunca esteve tão nojenta." José Eduardo de Oliveira (Patos de Minas, MG)

Cultura no Estado
"Agradeço a oportunidade que me foi dada pela produtora cultural Alessandra Cavagna ("Painel do Leitor", 9/10) para esclarecer as características básicas da política cultural do governo do Estado. A leitura não se contrapõe à política cultural -é um de seus elementos basilares. Sem leitura não há a possibilidade de fruição de boas peças de teatro ou de formação de bons profissionais para teatro, dança ou artes plásticas e não se formam apreciadores de artes visuais ou até de cinema. Por conta disso, abrimos neste ano 60 bibliotecas municipais e salas de leitura em todo o Estado. Mantemos 16 museus, nos quais a visitação foi significativamente ampliada ao consolidarmos serviços educativos sólidos, trazendo crianças e jovens da rede pública e treinando professores para trabalhar com o acervo em sala de aula. Temos duas escolas de música (com 7.000 alunos) e dez orquestras, sendo três profissionais. Mantemos também 110 pequenas orquestras e cameratas do Projeto Guri, que envolvem 23 mil jovens em áreas de risco social (e, desde julho, mais 77 orquestras, uma em cada Febem), damos apoio a 200 grupos de teatro amador por ano em todo o interior e temos 60 mil vagas por semestre em oficinas culturais de teatro, de dança, de cinema, de HQ e de artes plásticas. Os concertos na Sala São Paulo não nos fazem elitistas, pois temos 25 ensaios abertos para alunos e professores da rede pública e concertos a R$ 1 aos domingos. Apoiamos a realização de 21 longa-metragens e de dez curtas e criamos o Conselho Paulista de Cinema. Realizamos também o maior festival de música erudita da América Latina, o Festival de Inverno de Campos de Jordão, e, entre outros festivais, o Revelando São Paulo, que recebeu 630 mil pessoas neste ano na capital." Claudia Costin, secretária da Cultura do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Piscina pública
"Em relação à carta do leitor Eduardo Biral publicada no "Painel do Leitor" em 5/10, venho esclarecer que as afirmações citadas na reportagem "SP dispensa piscina pública de exame médico" (Cotidiano, 4/10) devem ser compreendidas no contexto da entrevista dada ao repórter. A inferência citada pelo leitor sobre a substituição do trabalho de médicos a ser feito por leigos não procede." Ana Cecília Sucupira, secretária municipal da Saúde de São Paulo (São Paulo, SP)

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