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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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RECUPERAÇÃO E CAUTELA

Vive a economia brasileira uma fase marcada por resultados desiguais dos variados indicadores que retratam o desempenho da atividade produtiva. Os números heterogêneos podem ser atribuídos, ao menos em parte, às características de períodos de transição.
Consolida-se a percepção de que o país transita para um cenário de reaquecimento, depois de um forte baque na economia real provocado pela política econômica do novo governo. Os imperativos de combater a inflação, conter a disparada do dólar e conquistar credibilidade levaram a medidas extremadas, com efeitos maléficos sobre o emprego e as empresas, notadamente as voltadas para o mercado interno.
Trata-se, agora, de olhar para a frente. A grande maioria dos analistas vê no horizonte uma recuperação com base na expansão do consumo. As indicações são de que já se iniciou um ciclo de compra de bens duráveis para satisfazer a uma demanda há muito reprimida. Esse "desrepresamento" do consumo é facilitado pelo alongamento do crediário, que reduz o valor das prestações.
No entanto, enquanto prosseguir fundada na expansão do crédito ao consumidor, a retomada da atividade será inconsistente. Para dar fôlego à recuperação -de modo que possa se sustentar nos próximos anos-, é necessário criar condições para que o investimento se expanda e para que a competitividade das exportações seja preservada.
Essa tarefa se desdobra em vários desafios. Um deles consiste em manter cautela para impedir que a ampla liquidez internacional, que se tem traduzido em grandes fluxos de capitais para países emergentes, cause uma valorização artificial do real. Outro é dissipar a incerteza sobre a regulação dos setores de infra-estrutura, para que os investimentos -especialmente no setor energético- possam se acelerar. Eliminar a ameaça de que o crescimento volte a esbarrar na falta de energia é crucial para que os investidores tenham confiança na perspectiva de um crescimento sustentado da economia brasileira.


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