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RECUPERAÇÃO E CAUTELA
Vive a economia brasileira
uma fase marcada por resultados desiguais dos variados indicadores que retratam o desempenho da
atividade produtiva. Os números heterogêneos podem ser atribuídos, ao
menos em parte, às características de
períodos de transição.
Consolida-se a percepção de que o
país transita para um cenário de reaquecimento, depois de um forte baque na economia real provocado pela
política econômica do novo governo.
Os imperativos de combater a inflação, conter a disparada do dólar e
conquistar credibilidade levaram a
medidas extremadas, com efeitos
maléficos sobre o emprego e as empresas, notadamente as voltadas para o mercado interno.
Trata-se, agora, de olhar para a
frente. A grande maioria dos analistas vê no horizonte uma recuperação
com base na expansão do consumo.
As indicações são de que já se iniciou
um ciclo de compra de bens duráveis
para satisfazer a uma demanda há
muito reprimida. Esse "desrepresamento" do consumo é facilitado pelo
alongamento do crediário, que reduz
o valor das prestações.
No entanto, enquanto prosseguir
fundada na expansão do crédito ao
consumidor, a retomada da atividade será inconsistente. Para dar fôlego
à recuperação -de modo que possa
se sustentar nos próximos anos-, é
necessário criar condições para que
o investimento se expanda e para que
a competitividade das exportações
seja preservada.
Essa tarefa se desdobra em vários
desafios. Um deles consiste em manter cautela para impedir que a ampla
liquidez internacional, que se tem
traduzido em grandes fluxos de capitais para países emergentes, cause
uma valorização artificial do real.
Outro é dissipar a incerteza sobre a
regulação dos setores de infra-estrutura, para que os investimentos -especialmente no setor energético-
possam se acelerar. Eliminar a ameaça de que o crescimento volte a esbarrar na falta de energia é crucial para
que os investidores tenham confiança na perspectiva de um crescimento
sustentado da economia brasileira.
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