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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Irmão universal Charles de Foucauld
Mais um grande exemplo de santidade para nossos dias. No próximo dia 13 de novembro, amanhã,
Charles de Foucauld será beatificado
pela Igreja.
Desde minha infância, aprendi a admirar esse discípulo de Jesus, cuja
existência revela a beleza de uma entrega total a Deus, passando, no entanto, por experiências surpreendentes de aventuras, frustrações, padecimentos e busca constante de Deus.
Charles nasceu de família aristocrata
em 15 de setembro de 1858, em Estrasburgo, na França. Ficou órfão de pai e
mãe nos primeiros anos, sendo educado pelo avô. Sua juventude foi marcada pelo agnosticismo e por um humanismo ateu. Sofreu a expulsão do colégio dos jesuítas e da vida militar. A fortuna herdada abriu-lhe as portas para
o descontrole moral e a procura de
emoções fortes na África do Norte.
Com 28 anos, volta a Paris, aos poucos
descobre o Absoluto de Deus e vive a
alegria de uma profunda conversão
que marcará toda a sua vida.
No anseio de configurar-se a Jesus
de Nazaré, vai em peregrinação à Terra Santa, onde passa 11 anos como eremita, penetrando sempre mais no
mistério do Filho de Deus, que escolheu vida pobre e escondida. É essa
mística que há de dinamizar toda a
existência do irmão Carlos, feito pobre e servidor dos pobres a exemplo
de Jesus.
Mais tarde, ordenado sacerdote, decide viver em Beni-Abbés e Tamanrasset, entre muçulmanos tuaregues,
nômades do deserto de Saara, partilhando com eles a seca, as intempéries
e a pobreza. Na radicalidade de seu desapego, pedia a Deus que pudesse perseverar na vida escondida e silenciosa
dando testemunho de amor aos tuaregues e dispondo-se a morrer esquecido entre eles. Com 58 anos e doente, é
assassinado por um jovem e cai ensangüentado na areia do deserto.
O que mais atrai em Charles de Foucauld é a confiança em Deus e a totalidade de sua entrega a Jesus Cristo,
aprendendo com Ele o "esvaziamento
de si mesmo" por amor de que nos fala o apóstolo são Paulo (Fil. 2,6). Irmão Carlos não procurava aparecer,
mas, na oração, sempre mais intensa,
conseguiu compreender o total abandono de Jesus a Deus Pai e o sentido
salvífico dessa entrega como prova de
amor aos irmãos. Mais do que pregar
com a palavra, escolheu dar a vida por
todos, no anonimato, na humildade e
no sacrifício de Cristo que se fez pobre
entre os pobres. É a missão pelo testemunho. Irmão Carlos descobriu a
misteriosa beleza evangélica de quem
oferece a si mesmo com Cristo pelos
outros. Sua grande devoção era Jesus
Cristo presente na Eucaristia, diante
da qual permanecia longas horas em
adoração, intercedendo pelo mundo
inteiro.
Ensina-nos a "gritar o Evangelho
com a vida". Do exemplo deste santo
admirável surgiram muitos seguidores, formando 11 congregações religiosas marcadas pelo mesmo espírito do
amor de Cristo, gratuito e universal.
Quanto bem continuará fazendo ao
nosso tempo a vida de Charles de Foucauld, irmão dos pobres e excluídos.
Em meio ao egoísmo, ao desperdício e
ao vazio dos valores em nossa sociedade, ele nos revela a paixão pelo absoluto de Deus e a felicidade de quem
aprende com o coração de Cristo a dar
a vida por amor pelos irmãos.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
@ - almendes@feop.com.br
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