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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Aí vem a chuva
SÃO PAULO - Não faz muito tempo,
o ar estava seco demais em São
Paulo. No final de agosto, estávamos às voltas com os transtornos da
poluição e a multiplicação de doenças respiratórias. A secura passou.
Faltam ainda cerca de 40 dias para o início oficial do verão, mas já
estamos ingressando na temporada dos aguaceiros. No final de outubro, um casal morreu afogado dentro do carro, no extremo sul da capital, tragado por um córrego que
transbordou com o temporal. Foram as primeiras vítimas fatais do
verão 2010/11 da vida real do paulistano. Quantas mais até março?
Na verdade, ainda nem caiu muita água do céu, mas uma região do
Bom Retiro, no centro da cidade,
permaneceu alagada por quase 12
horas anteontem.
Nada que se compare, por ora,
aos 180 pontos da cidade que ficaram alagados entre dezembro de
2009 e janeiro deste ano -sendo
40% deles endereços novos ou que
não haviam sido atingidos nos dois
anos anteriores. Os moradores do
Jardim Pantanal, na zona leste, suportaram viver mais de 60 dias no
meio de uma água imunda, o que
pareceu surreal até para São Paulo.
No decorrer das próximas semanas, veremos se a gestão Kassab tomou providências e se terão sido
suficientes para evitar um colapso
como o do último verão.
A prefeitura gastou até outubro
80% da verba de manutenção contra enchentes (limpeza de bocas de
lobo, de córregos, de piscinões), o
que é positivo se o dinheiro tiver sido, de fato, bem empregado. Em
contrapartida, quase nenhum investimento estrutural antienchente
foi realizado nesse período. Por
exemplo, nenhum piscinão planejado pela prefeitura saiu do papel.
A não ser no caso de uma inesperada ira divina, vai chover menos
neste verão do que choveu no passado, que os políticos gostavam logo de chamar de "anômalo". Esperamos que um refresco da natureza
venha atenuar os efeitos do descaso histórico com o planejamento
urbano de São Paulo.
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