São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Aí vem a chuva

SÃO PAULO - Não faz muito tempo, o ar estava seco demais em São Paulo. No final de agosto, estávamos às voltas com os transtornos da poluição e a multiplicação de doenças respiratórias. A secura passou.
Faltam ainda cerca de 40 dias para o início oficial do verão, mas já estamos ingressando na temporada dos aguaceiros. No final de outubro, um casal morreu afogado dentro do carro, no extremo sul da capital, tragado por um córrego que transbordou com o temporal. Foram as primeiras vítimas fatais do verão 2010/11 da vida real do paulistano. Quantas mais até março?
Na verdade, ainda nem caiu muita água do céu, mas uma região do Bom Retiro, no centro da cidade, permaneceu alagada por quase 12 horas anteontem.
Nada que se compare, por ora, aos 180 pontos da cidade que ficaram alagados entre dezembro de 2009 e janeiro deste ano -sendo 40% deles endereços novos ou que não haviam sido atingidos nos dois anos anteriores. Os moradores do Jardim Pantanal, na zona leste, suportaram viver mais de 60 dias no meio de uma água imunda, o que pareceu surreal até para São Paulo.
No decorrer das próximas semanas, veremos se a gestão Kassab tomou providências e se terão sido suficientes para evitar um colapso como o do último verão.
A prefeitura gastou até outubro 80% da verba de manutenção contra enchentes (limpeza de bocas de lobo, de córregos, de piscinões), o que é positivo se o dinheiro tiver sido, de fato, bem empregado. Em contrapartida, quase nenhum investimento estrutural antienchente foi realizado nesse período. Por exemplo, nenhum piscinão planejado pela prefeitura saiu do papel.
A não ser no caso de uma inesperada ira divina, vai chover menos neste verão do que choveu no passado, que os políticos gostavam logo de chamar de "anômalo". Esperamos que um refresco da natureza venha atenuar os efeitos do descaso histórico com o planejamento urbano de São Paulo.


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