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O SUCESSOR DE MALAN
Desde que assumiu o lugar de
Celso Daniel -prefeito de
Santo André assassinado no início
deste ano- na coordenação do programa de governo petista, Antonio
Palocci Filho passou ao proscênio
das relações entre a campanha de
Luiz Inácio da Silva e o chamado
mercado. O cacife do sucessor de Pedro Malan na Fazenda, portanto, está assentado não apenas na força política conquistada junto ao presidente eleito, mas na progressiva aceitação que o ex-prefeito de Ribeirão Preto veio obtendo no empresariado e
na comunidade financeira local.
Uma das resistências que se ouvem
ao nome de Palocci é a de que ele não
tem formação de economista. Mas,
para citar um exemplo próximo, Fernando Henrique Cardoso, um sociólogo, também foi titular da pasta
sem que seu desempenho fosse prejudicado por não ser formado em
economia. Quando um ministério
importante como o da Fazenda é
ocupado por um político (caso de
FHC e, agora, de Palocci), a capacidade do titular de aglutinar uma boa
equipe técnica é mais importante. E
aqui se iniciam as dificuldades para
Palocci.
Quando assumiu a Fazenda, em
1993, FHC já estava politicamente entrosado com o grupo de economistas (identificado com a PUC do Rio
de Janeiro) que viria a exercer influência dominante na era do Real.
Pelas notícias disponíveis, é difícil
entrever qual o perfil ideológico ou
qual a escola de economistas que será predominante com Palocci na Fazenda. Esse elemento será decisivo
para que idéias vagas que vêm sendo
veiculadas por Palocci -como a disposição de "produzir o superávit primário necessário" ou a de "não adotar nenhuma medida heterodoxa" -
ganhem conteúdo concreto.
Por vezes, resta a impressão de que
o futuro ministro ainda está à cata de
um perfil de equipe e de que essa decisão também dependerá de um aval
tácito do chamado mercado. O risco
é o de que, na ânsia de sempre agradar a essa entidade, a política econômica continue a reboque dos acontecimentos.
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