São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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O SUCESSOR DE MALAN

Desde que assumiu o lugar de Celso Daniel -prefeito de Santo André assassinado no início deste ano- na coordenação do programa de governo petista, Antonio Palocci Filho passou ao proscênio das relações entre a campanha de Luiz Inácio da Silva e o chamado mercado. O cacife do sucessor de Pedro Malan na Fazenda, portanto, está assentado não apenas na força política conquistada junto ao presidente eleito, mas na progressiva aceitação que o ex-prefeito de Ribeirão Preto veio obtendo no empresariado e na comunidade financeira local.
Uma das resistências que se ouvem ao nome de Palocci é a de que ele não tem formação de economista. Mas, para citar um exemplo próximo, Fernando Henrique Cardoso, um sociólogo, também foi titular da pasta sem que seu desempenho fosse prejudicado por não ser formado em economia. Quando um ministério importante como o da Fazenda é ocupado por um político (caso de FHC e, agora, de Palocci), a capacidade do titular de aglutinar uma boa equipe técnica é mais importante. E aqui se iniciam as dificuldades para Palocci.
Quando assumiu a Fazenda, em 1993, FHC já estava politicamente entrosado com o grupo de economistas (identificado com a PUC do Rio de Janeiro) que viria a exercer influência dominante na era do Real. Pelas notícias disponíveis, é difícil entrever qual o perfil ideológico ou qual a escola de economistas que será predominante com Palocci na Fazenda. Esse elemento será decisivo para que idéias vagas que vêm sendo veiculadas por Palocci -como a disposição de "produzir o superávit primário necessário" ou a de "não adotar nenhuma medida heterodoxa" - ganhem conteúdo concreto.
Por vezes, resta a impressão de que o futuro ministro ainda está à cata de um perfil de equipe e de que essa decisão também dependerá de um aval tácito do chamado mercado. O risco é o de que, na ânsia de sempre agradar a essa entidade, a política econômica continue a reboque dos acontecimentos.


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