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FERNANDO RODRIGUES
O tamanho da fatura
BRASÍLIA - O fortalecimento momentâneo do PT é algo ainda a ser
confirmado na prática. O partido é
favorito para vencer a disputa pela
presidência da Câmara -atraiu
praticamente todas as siglas políticas existentes, menos PFL, PSB e
PC do B. Apesar da aura de sucesso,
o melhor momento para aferir a
força e a unidade da coalizão lulista
-PT à frente- será apenas depois
que o presidente da República resolver fazer a partilha dos cargos federais. Será o momento de pagar a
fatura pelos apoios recebidos.
O governo tem 34 ministérios. Na
Câmara e no Senado há pelo menos
o triplo de pretendentes. Um deputado outro dia até cortou o cabelo
-ele usava rabo-de-cavalo- por
achar que ficaria melhor quando tomasse posse do Ministério dos
Transportes. Para essa cadeira são
pelo menos cinco os pretendentes.
Quatro passarão a ranger os dentes
a partir de meados de fevereiro.
Por enquanto, Lula, PT e o grupo
que dá ares de hegemonia no Congresso lidam com o que há de melhor na política: perspectiva de poder. É a fase em que todos se acham
em condições de receber a unção
presidencial para comandar alguma área nobre do governo.
O problema é que esse momento
de ouro passa. A administração federal está praticamente parada. Lula terá de nomear ministros ao longo de fevereiro e março. Só então
saberemos a exata extensão da base
aliada ao Planalto.
O cenário róseo vendido pelos
petistas é conhecido: todos os integrantes dos 11 partidos aliados ao
governo serão acomodados. Nunca
houve uma administração federal
no Brasil contemporâneo com tantas legendas no seu encalço. A impressão geral é a de que faltarão cadeiras. Mas Lula sempre pode criar
cargos aqui e acolá.
O teste final virá nas votações no
Congresso. O problema será o tamanho da fatura a ser paga. Hoje,
nem o presidente da República tem
noção do valor dessa conta.
frodriguesbsb@uol.com.br
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