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Editoriais
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Professor faz falta
NÃO CONSTITUI surpresa,
infelizmente, a constatação estatística, feita pela
Secretaria da Educação do governo paulista, de que as faltas de
professores têm impacto direto
no desempenho de seus alunos.
De acordo com o estudo, a cada
ponto de aumento no percentual
de faltas de docentes, a nota média do aluno cai 7,5% em português e 8,5% em matemática. Foi
usado um modelo estatístico que
harmoniza os demais parâmetros -compara alunos em turmas e regiões semelhantes- e,
assim, explicita com mais argúcia o peso do absenteísmo.
A relação direta entre faltas de
professores e queda no desempenho de estudantes já havia sido apontada num outro estudo,
feito em Minas Gerais. Neste caso, ficou constatado que a assiduidade docente agregava 7% à
média dos alunos -na comparação com a de estudantes que enfrentavam altos índices de faltas
de seus professores.
Em 2007, reportagem desta
Folha revelou que, a cada dia,
13% dos professores da rede estadual paulista não compareciam ao trabalho, contra 1% na
rede particular. Por mais que
sindicatos de professores ainda
tentem, é impossível justificar
tamanho absenteísmo.
Quando limitou o número de
faltas justificadas com atestado
médico -sem desconto no salário- a seis por ano e instituiu bônus que leva em conta a assiduidade, o governo estadual começou a mudar o quadro. Há várias
ocupações com remuneração e
condições de trabalho que não
são ideais. Nem por isso, na
imensa maioria desses casos, os
profissionais deixam de comparecer regularmente ao trabalho.
Fechadas, aos poucos, as lacunas que estimulam as faltas na
rede pública, cabe, evidentemente, não esquecer de outras
atitudes das quais depende a melhoria do ensino brasileiro -e da
rede paulista, em particular, cujo
desempenho está longe do esperado para o Estado mais rico e industrializado do país.
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