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RUY CASTRO
Fim do homem-objeto
RIO DE JANEIRO - Era difícil ser
homem em certa época do século
20 -anos 70 e 80, por aí. As feministas viviam nos culpando por todos os crimes cometidos contra as
mulheres por nossos avós ou bisavós. Uma sexóloga americana, Shere Hite, escreveu um livro provando que, por ter clitóris, a mulher podia perfeitamente dispensar o homem para sentir prazer.
Só nos restava, portanto, ser conservados para a reprodução. E mesmo assim em termos: algumas belas
feministas (sim, havia) do meu círculo no Posto 9, em Ipanema, quase
me convenceram de que o homem
não passava de uma invenção da
mulher para a produção de mais
mulheres. Não que isso fosse necessariamente ruim, eu argumentava.
Sempre que as mulheres precisassem, nós nos sacrificaríamos com
prazer, sem trocadilho, em função
desse objetivo.
Claro que, relegados a simples
fornecedores de espermatozóides,
estaríamos sendo reduzidos à odiosa condição de homens-objeto. Daí
propus a Eduardo Mascarenhas,
psicanalista então em voga, a criação de um slogan para nos defendermos: "No peito do homem-objeto também bate um coração". Mascarenhas aprovou-o e até o repassou a seu mestre, Helio Pellegrino.
Bem, agora, no século 21, as queridas feministas estão por baixo,
mas a ciência acaba de descobrir
um novo jeito de produzir espermatozóides, a partir de células-tronco da medula óssea feminina.
Ou seja, uma mulher poderá fertilizar outra mulher sem a necessidade
de participação do homem.
Se isso vingar, pensei comigo, o
que será de nós? Mais uma vez, seremos atirados na lata de lixo da
história. À falta de melhor vamos
ter de nos conformar em jogar pelada, tênis, sinuca, buraco ou qualquer coisa com os amigos nos demais dias da semana, não apenas às
terças ou quintas.
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