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FUNDOS PARA A CIÊNCIA
É correta a disposição do novo ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, de abandonar os planos de seu antecessor para
descentralizar os recursos investidos
na área. Não se trata de ser contra a
descentralização como conceito. A
idéia de diminuir a excessiva concentração de laboratórios e institutos de
pesquisa nos Estados mais ricos do
país é uma meta a ser perseguida.
A questão é um pouco mais complexa. O ponto de partida deve ser a
constatação de que fazer ciência de
qualidade é um processo caro e de
que os recursos disponíveis não são
infinitos -muito pelo contrário, são
escassos. Distribuir pouco dinheiro
a muitos centros pode equivaler a
desperdiçar toda a verba. A alternativa que se impõe é fazer dotações que
possibilitem pesquisas consistentes
e destiná-las a grupos capazes de colher bons resultados. A pulverização
das verbas pode atender a interesses
populistas de políticos, mas está longe de representar uma forma minimamente racional de investir em
ciência e tecnologia.
Mesmo sem fragmentar demais as
verbas, é possível buscar a tão almejada descentralização. Um exemplo é
o planejado Instituto de Neurociências de Natal, que aos poucos começa a sair do papel. Trata-se de projeto
de pesquisadores brasileiros -que
desenvolvem ciência de ponta nos
EUA- de criar no Rio Grande do
Norte um centro de excelência internacional em pesquisas neurológicas.
O instituto, embora ainda não tenha oficialmente nascido, já conta
com terreno, alguma verba federal e,
principalmente, a massa crítica proporcionada por cientistas de primeira linha, o que faz a diferença.
Se todo investimento em ciência é
uma aposta, cabe ao poder público
colocar suas fichas em projetos com
maior possibilidade de oferecer retorno. Se há uma combinação nefasta, é a do populismo com a ciência.
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