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PROBLEMA DE CÃO
O relacionamento entre o homem e
o cão possui um histórico marcado
sobretudo pelo afeto e pela utilidade.
É por isso bastante raro que determinada raça seja objeto de má reputação ou de campanha em favor de sua
simples extinção. É o que hoje ocorre
com os pit bulls, cães aos quais se
atribui excesso de ferocidade.
Ao menos um município brasileiro,
Ribeirão Preto (SP), já proibiu, em lei
votada no ano passado, que eles sejam criados ou convivam com os humanos como animal doméstico. Há
projetos semelhantes nos legislativos estaduais de São Paulo e do Rio
de Janeiro, na cidade do Rio e no
Congresso Nacional.
O esforço legislativo ganhou como
aliada uma cadelinha vira-lata, que
salvou da agressão de um pit bull um
garoto de 4 anos, em episódio que
causou muita sensação no público.
Os defensores da raça argumentam
que pit bulls com potencial homicida
não são sequer exceções a uma regra
em que prevaleceriam outras formas
menos agressivas de comportamento. Dizem, ainda, que cada animal reflete os ensinamentos que recebeu de
seu treinador ou proprietário, cabendo a eles, exclusivamente, a responsabilidade pelas eventuais reações
patológicas do cão.
Os ingleses são possivelmente os
autores da legislação mais avançada
de repressão aos animais agressivos.
A Lei do Cão Perigoso (1991) prevê o
sacrifício de cães com histórico de
periculosidade. Das cinco últimas
sentenças, segundo a emissora pública de televisão BBC, quatro envolveram pit bulls. Mas a solução, se
transposta ao Brasil, esbarraria na
morosidade e na sobrecarga que os
humanos já provocam no Judiciário.
Não parece assim provável que se
atinja algum objetivo prático com os
projetos de extirpar os pit bulls, em
particular na ausência de provas definitivas de sua agressividade inata. Seria mais eficaz se o poder público se
preocupasse com a imposição de regras mais simples, como tornar obrigatório que, fora de casa, todo cão
circule preso a uma correia.
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