São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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"SPREAD" E CONCENTRAÇÃO

Os bancos brasileiros cobram o maior "spread" do mundo. O "spread" é a diferença entre a taxa de captação das instituições financeiras e a cobrada no crédito a empresas e pessoas físicas. De acordo com estudo do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial) a partir de dados do FMI, o "spread" médio brasileiro foi de 43,7 pontos percentuais ao ano em 2003, enquanto nos principais países emergentes foi de 3,9.
Em média, o "spread" no Brasil está composto por 32% de margem de lucro dos bancos, 28% de impostos diretos e indiretos, 16% de inadimplência e 24% de despesas administrativas, de acordo com o BC. Essas altas taxas encarecem o crédito, cujo volume é sintomaticamente baixo -em torno 28,7% do PIB. Para termos parâmetros, no Chile essa relação é de 65,7%. No Japão, de 102,5%, e nos EUA, de 63,3%.
Há um conjunto de ações que estão sendo discutidas para diminuir os "spreads" praticados pelos bancos brasileiros, entre eles a queda nos depósitos compulsórios, a racionalização da tributação e melhorias na execução dos contratos. Todavia, essas ações correm o risco de não serem suficientes diante da elevada e crescente concentração do setor bancário no país.
Segundo levantamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as dez maiores instituições concentravam 67,2% dos ativos em 2002, percentual ampliado para 74,5% em 2003. Em relação ao total do crédito, a participação dos dez maiores bancos aumentou de 65% para 76% no mesmo período. Processo idêntico ocorreu com os depósitos: os dez maiores bancos detinham 77% deles e passaram para 80%. Quanto aos correntistas, tendem a permanecer vinculados a determinados bancos. Não têm o hábito de procurar outras instituições em busca de taxas melhores.
Estimular a competição é uma das tarefas necessárias para reduzir os "spreads". Nesse sentido, facilitar a mobilidade dos cadastros bancários de pessoas físicas e jurídicas poderia ser útil. Certo é que o país precisa urgentemente corrigir essa anomalia.


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