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"SPREAD" E CONCENTRAÇÃO
Os bancos brasileiros cobram
o maior "spread" do mundo.
O "spread" é a diferença entre a taxa
de captação das instituições financeiras e a cobrada no crédito a empresas
e pessoas físicas. De acordo com estudo do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial) a
partir de dados do FMI, o "spread"
médio brasileiro foi de 43,7 pontos
percentuais ao ano em 2003, enquanto nos principais países emergentes foi de 3,9.
Em média, o "spread" no Brasil está composto por 32% de margem de
lucro dos bancos, 28% de impostos
diretos e indiretos, 16% de inadimplência e 24% de despesas administrativas, de acordo com o BC. Essas
altas taxas encarecem o crédito, cujo
volume é sintomaticamente baixo
-em torno 28,7% do PIB. Para termos parâmetros, no Chile essa relação é de 65,7%. No Japão, de 102,5%,
e nos EUA, de 63,3%.
Há um conjunto de ações que estão
sendo discutidas para diminuir os
"spreads" praticados pelos bancos
brasileiros, entre eles a queda nos depósitos compulsórios, a racionalização da tributação e melhorias na execução dos contratos. Todavia, essas
ações correm o risco de não serem
suficientes diante da elevada e crescente concentração do setor bancário no país.
Segundo levantamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), as dez maiores instituições
concentravam 67,2% dos ativos em
2002, percentual ampliado para
74,5% em 2003. Em relação ao total
do crédito, a participação dos dez
maiores bancos aumentou de 65%
para 76% no mesmo período. Processo idêntico ocorreu com os depósitos: os dez maiores bancos detinham 77% deles e passaram para
80%. Quanto aos correntistas, tendem a permanecer vinculados a determinados bancos. Não têm o hábito de procurar outras instituições em
busca de taxas melhores.
Estimular a competição é uma das
tarefas necessárias para reduzir os
"spreads". Nesse sentido, facilitar a
mobilidade dos cadastros bancários
de pessoas físicas e jurídicas poderia
ser útil. Certo é que o país precisa urgentemente corrigir essa anomalia.
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