São Paulo, domingo, 13 de abril de 2008

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Não deixe de ler

NO DIA 4 deste mês, a Folha publicou um instrutivo suplemento sobre a situação da educação no Brasil com base nos dados fornecidos pelas escolas onde foi aplicado o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Antes de comentar os resultados da prova, convém salientar que esse sistema de avaliar escola por escola é de grande utilidade para os alunos, seus pais, professores e gestores educacionais. Por meio de uma consulta rápida, é possível saber o desempenho de cada estabelecimento de ensino. Com isso, a população fica mais bem informada e pode exercer uma pressão legítima sobre as escolas para melhorar a qualidade do ensino.
É claro que, nos resultados obtidos pelos alunos, influenciam outros fatores além da escola, tais como a sua origem socioeconômica, o nível educacional de seus pais, a harmonia familiar, as condições gerais de vida (renda, moradia, distância da escola etc.). As notas obtidas refletem a influência de todos esses fatores. De qualquer forma, esta é uma avaliação que merece atenção.
Da última prova, participaram mais de um milhão de alunos e 23 mil escolas -75% públicas e 25% privadas. É preocupante saber que as escolas da capital de São Paulo obtiveram a média de 54 pontos -em uma escala de zero a cem-, o que as coloca em décimo lugar entre as capitais brasileiras. Melhor que as escolas de São Paulo estão as de Vitória, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Rio de Janeiro e Salvador.
Quando se consideram apenas as escolas da rede pública, São Paulo obteve uma média de 48 pontos, também na décima posição. Nas escolas da rede particular, São Paulo ficou com a nota 64, descendo para 12º lugar.
Ainda que se considerem as limitações desse exame, os seus resultados constituem um importante alerta para as autoridades educacionais de São Paulo. Muitos argumentos poderão ser levantados para justificar o mau desempenho -o gigantismo da rede, a heterogeneidade do Estado, a mescla de populações de várias origens etc.. Mas nenhum deles poderá servir para ficarmos na inação.
Tenho acompanhado o louvável esforço que a Secretaria da Educação de São Paulo vem fazendo na melhoria da qualidade dos gestores e dos professores. Isso precisa continuar, acrescentando-se novas medidas não só para chegar a melhores notas nos exames de avaliação mas, sobretudo, para ensinar os alunos a pensar -e pensar bem.
É disso que dependerão o sucesso profissional e o progresso da nação.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES 0 escreve aos domingos nesta coluna.


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