São Paulo, sábado, 13 de maio de 2000


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ÁFRICA ESQUECIDA

Existe uma parte esquecida do planeta, onde vicejam as piores mazelas, naturais e humanas. Este lugar é a África. A revista britânica "The Economist", sob o título de "O Continente sem Esperança", dedica a capa de seu mais recente número à região, procurando explicar as razões que levaram a essa situação e as perspectivas, nada animadoras.
Há guerras civis generalizadas em curso na República Democrática do Congo (ex-Zaire) e em Angola. Em Serra Leoa, um conflito de selvageria assustadora até para os padrões africanos está prestes a estourar. Centenas de soldados da ONU foram tomados como reféns e o Ocidente cogita intervir militarmente, só não sabe como ou para quê.
No Zimbábue, que era tido como país modelo até há pouco, estourou uma onda de invasões violentas de terras que conta com o apoio do governo. Recuando poucos anos, acrescentam-se à lista as guerras em Ruanda, Burundi e Somália, fora dezenas de conflitos menores.
Além dos desastres puramente humanos, a natureza parece querer somar esforços para a miséria. Uma forte seca no nordeste da África ameaça matar mais alguns milhares. Moçambique e Madagascar foram recentemente atingidos por cheias que literalmente liquidaram suas economias. Também é na África que a epidemia de Aids faz mais vítimas. Calcula-se que 80% dos infectados pelo HIV estejam na África subsaariana. Em alguns países, 25% da população é portadora do vírus.
Embora os interesses concretos determinem a política externa dos países desenvolvidos, são cada vez mais frequentes as menções à diplomacia moral. Nas nações ricas, o peso de um eleitorado solidário que se interessa por essas questões não pode ser ignorado. Assim, há uma chance, remota, de o Ocidente fazer algo pela África. Não se trata de indicar o caminho a seguir, algo que cada Estado terá de fazer por si próprio, mas de auxiliar numa situação de emergência que não parece mais ter fim.


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