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ÁFRICA ESQUECIDA
Existe uma parte esquecida do
planeta, onde vicejam as piores
mazelas, naturais e humanas. Este
lugar é a África. A revista britânica
"The Economist", sob o título de "O
Continente sem Esperança", dedica
a capa de seu mais recente número à
região, procurando explicar as razões que levaram a essa situação e as
perspectivas, nada animadoras.
Há guerras civis generalizadas em
curso na República Democrática do
Congo (ex-Zaire) e em Angola. Em
Serra Leoa, um conflito de selvageria
assustadora até para os padrões africanos está prestes a estourar. Centenas de soldados da ONU foram tomados como reféns e o Ocidente cogita intervir militarmente, só não sabe como ou para quê.
No Zimbábue, que era tido como
país modelo até há pouco, estourou
uma onda de invasões violentas de
terras que conta com o apoio do governo. Recuando poucos anos,
acrescentam-se à lista as guerras em
Ruanda, Burundi e Somália, fora dezenas de conflitos menores.
Além dos desastres puramente humanos, a natureza parece querer somar esforços para a miséria. Uma
forte seca no nordeste da África
ameaça matar mais alguns milhares.
Moçambique e Madagascar foram
recentemente atingidos por cheias
que literalmente liquidaram suas
economias. Também é na África que
a epidemia de Aids faz mais vítimas.
Calcula-se que 80% dos infectados
pelo HIV estejam na África subsaariana. Em alguns países, 25% da população é portadora do vírus.
Embora os interesses concretos determinem a política externa dos países desenvolvidos, são cada vez mais
frequentes as menções à diplomacia
moral. Nas nações ricas, o peso de
um eleitorado solidário que se interessa por essas questões não pode
ser ignorado. Assim, há uma chance,
remota, de o Ocidente fazer algo pela
África. Não se trata de indicar o caminho a seguir, algo que cada Estado terá de fazer por si próprio, mas
de auxiliar numa situação de emergência que não parece mais ter fim.
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