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O DÓLAR FRACO
Desde a ruptura do acordo
de Bretton Woods em 1973 pelo presidente Nixon, as principais
moedas internacionais passaram a
apresentar grandes oscilações. O dólar sofreu dois ciclos de baixa (1973-1979 e 1986-1995), alternados por
dois ciclos de alta (1980-1985 e 1996-2001). Agora enfrenta novo processo
de desvalorização.
A perda de valor do dólar pode ser
benéfica para a economia americana, mas descarregará sobre o resto
do mundo os custos do ajuste. As
corporações norte-americanas trabalham com elevada capacidade
ociosa, e a fraca demanda interna
restringe a capacidade de elevar os
preços domésticos.
Mas a desvalorização constante do
dólar introduz o risco de os investidores internacionais exigirem uma
elevação da taxa de juros americana.
O financiamento do déficit externo
de US$ 500 bilhões requer entrada líquida de capital nos EUA de quase
US$ 2 bilhões por dia útil. Uma elevação dos juros pelo Fed, mesmo que
pequena, introduziria novas dificuldades nas finanças das empresas e
dos consumidores americanos, ampliando as forças deflacionistas.
A desvalorização do dólar restringe
também o dinamismo dos exportadores para os Estados Unidos, uma
vez que encarece os seus produtos.
Os governos dos países asiáticos estão realizando intervenções para
conter a valorização de suas moedas.
Isso repassa para a Europa a maior
parcela dos custos da desvalorização
do dólar. Assim, fica mais difícil para
as empresas européias contarem
com suas exportações para liderar o
crescimento. Se a demanda doméstica européia, que cresceu só 0,2% em
2002, não voltar a aumentar, há o risco de uma recessão acompanhada
por deflação na Europa.
Seria importante que as autoridades monetárias das principais economias começassem a combater essas ameaças. À Europa cabe exercer
um papel de liderança, inclusive para
facilitar a integração de novos membros na UE a partir de 2004.
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